Psicanálise
Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique
humana independente da Psicologia, que tem origem na Medicina 1 2 ,
desenvolvido por Sigmund Freud, médico que formou-se em 1882, trabalhou
no Hospital Geral de Viena e teve contato com o neurologista francês
Jean Martin Charcot, que lhe mostrou o uso da hipnose.
Freud, médico neurologista
austríaco, propôs este método para a compreensão e análise do homem,
compreendido enquanto sujeito do inconsciente, abrangendo três áreas:
um método de investigação da mente e seu funcionamento;
um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano;
um método de tratamento psicoterapêutico.3
Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento de
psicoterapia; a psicanálise influenciou muitas outras correntes de
pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base teórica
para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura
humana.4
Em linguagem comum, o termo "psicanálise" é muitas vezes
usado como sinônimo de "psicoterapia" ou mesmo de "psicologia". Em
linguagem mais própria, no entanto, psicologia refere-se à ciência que
estuda o comportamento e os processos mentais, psicoterapia ao uso
clínico do conhecimento obtido por ela, ou seja, ao trabalho terapêutico
baseado no corpo teórico da psicologia como um todo, e psicanálise
refere-se à forma de psicoterapia baseada nas teorias oriundas do
trabalho de Sigmund Freud; psicanálise é, assim, um termo mais
específico, sendo uma entre muitas outras formas de psicoterapia.
Índice [esconder]
1 Definição
2 Correntes, dissensões e críticas
3 Ver também
4 Autores importantes
5 Referências
6 Bibliografia
7 Ligações externas
Definição[editar | editar código-fonte]
De acordo com Freud, psicanálise é o nome de (1) um procedimento para a
investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por
qualquer outro modo, (2) um método (baseado nessa investigação) para o
tratamento de distúrbios neuróticos, e (3) uma coleção de informações
psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se
acumulou numa "nova" disciplina científica. 5 A essa definição elaborada
pelo próprio Freud pode ser acrescentada um tratamento possível da
psicose e perversão, considerando o desenvolvimento dessa técnica.
Ainda segundo o seu criador a psicanálise cresceu num campo muitíssimo
restrito. No início, tinha apenas um único objetivo — o de compreender
algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas
‘funcionais’, com vistas a superar a impotência que até então
caracterizara seu tratamento médico. Em sua opinião, os neurologistas
daquele período haviam sido instruídos a terem um elevado respeito por
fatos químico-físicos e patológico-anatômicos e não sabiam o que fazer
do fator psíquico e não podiam entendê-lo. Deixavam-no aos filósofos,
aos místicos e — aos charlatães; e consideravam não científico ter
qualquer coisa a ver com ele.6
Os primórdios da psicanálise datam de
1882 quando Freud, médico recém formado, trabalhou na clínica
psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, em 1885, com o médico
francês Charcot, no Hospital Salpêtrière (Paris, França). Sigmund Freud,
um médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com
sintomas neuróticos ou histéricos. Ao escutar seus pacientes, Freud
acreditava que seus problemas se originaram da inaceitação cultural, ou
seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconscientes. Notou
também que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza
sexual. O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da
resistência em análise. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado
a dizer tudo o que lhe vem à mente (método de associação livre). Suas
aspirações, angústias, sonhos e fantasias são de especial interesse na
escuta, como também todas as experiências vividas são trabalhadas em
análise. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude
empática de neutralidade. Uma postura de não-julgamento, visando a criar
um ambiente seguro.
A originalidade do conceito de inconsciente
introduzido por Freud deve-se à proposição de uma realidade psíquica,
característica dos processos inconscientes. Por outro lado,
analisando-se o contexto da época observa-se que sua proposição
estabeleceu um diálogo crítico à proposições Wilhelm Wundt (1832 — 1920)
da psicologia com a ciência que tem como objeto a consciência entendida
na perspectiva neurológica (da época) ou seja opondo-se aos estados de
coma e alienação mental. 7
Muitos colocam a questão de como observar
o inconsciente. Se a Freud se deve o mérito do termo "inconsciente",
pode-se perguntar como foi possível a ele, Freud, ter tido acesso a seu
inconsciente para poder ter tido a oportunidade de verificar seu
mecanismo, já que não é justamente o inconsciente que dá as coordenadas
da ação do homem na sua vida diária.
Não é possível abordar
diretamente o inconsciente (Ics.), o conhecemos somente por suas
formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no
corpo. Nas suas conferências na Clark University (publicadas como Cinco
lições de psicanálise) nos recomenda a interpretação como o meio mais
simples e a base mais sólida de conhecer o inconsciente. 8
Outro
ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na
dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a
consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim
como receptora de toda significação desde o inconsciente. Pode-se
prever que a mente inconsciente é um outro "eu", e essa é a grande ideia
de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em
conjuntura com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e
ação.
O modelo psicanalítico da mente considera que a atividade
mental é baseada no papel central do inconsciente dinâmico. O contato
com a realidade teórica da psicanálise põe em evidência uma
multiplicidade de abordagens, com diferentes níveis de abstração,
conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas isso deve ser
entendido em um contexto histórico cultural e em relação as próprias
características do modelo psicanalítico da mente.9
Correntes, dissensões e críticas[editar | editar código-fonte]
Diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo verificadas ao
longo do século XX, tendo a psicanálise encontrado seu apogeu nos anos
50 e 60.
As principais dissensões que passou o criador da
psicanálise foram C. G. Jung e Alfred Adler, que participavam da
expansão da psicanálise no começo do século XX. C. G. Jung, inclusive,
foi o primeiro presidente do Instituto Internacional de Psicanálise
(IPA), antes de sua renúncia ao cargo e a seguidor das ideias de Freud.
Outras dissidências importantes foram Otto Rank, Erich Fromm. No
entanto, a partir da teoria psicanalítica de Freud, fundou-se uma
tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia, o inconsciente e o
desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem puramente
psicológica.
Desenvolvimentos como a psicoterapia
humanista/existencial, psicoterapia reichiana, dentre diversas e tantas
terapias existentes, foram, sem dúvida, influenciadas pela tradição
psicanalítica, embora tenham conferido uma visão particular para os
conteúdos da psicologia clínica.
O método de interpretar os
pacientes e buscar a cura de enfermidades físicas e mentais através de
um diálogo sistemático/metodológico com os pacientes foi uma inovação
trazida por Freud desenvolvido a partir de suas observações e
experiência de tratamento através da hipnose. Até então, os avanços na
área da psicoterapia eram obsoletas e tinham um apelo pela sugestão ou
pela terapia com banhos, sangrias e outros métodos antigos no combate às
doenças mentais. 10
Sua contribuição para a Medicina, Psicologia, e
outras áreas do conhecimento humano (arte, literatura, sociologia,
antropologia, entre outras) é inegável[carece de fontes]. O verdadeiro
choque moral provocado pelas ideias de Freud serviu para que a
humanidade rompesse, ou pelo menos repensasse muito de seus tabus e
preconceitos na compreensão da sexualidade, e atingisse um maior grau de
refinamento e profundidade na busca das verdades psíquicas do ser
humano.[carece de fontes]
Na atualidade, a Psicanálise já não se
limita à prática e tem uma amplitude maior de pesquisa, centrada em
outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma ciência psicológica
autônoma. Hoje fica muito difícil afirmar se a Psicanálise é uma
disciplina da Psicologia ou uma Psicologia própria.[carece de fontes]
Após Freud, muitos outros psicanalistas contribuíram para o
desenvolvimento e importância da psicanálise. Entre alguns, podemos
citar Melanie Klein, Winnicott, Bion e André Green. No entanto, a
principal virada no seio da psicanálise, que conciliou ao mesmo tempo a
inovação e a proposta de um "retorno a Freud" veio com o psicanalista
francês Jacques Lacan. A partir daí outros importantes autores surgiram e
convivem em nosso tempo, como Françoise Dolto, Serge André, J-D Nasio e
Jacques-Alain Miller.
Uma das recentes tendências é a criação da
neuropsicanálise segundo Soussumi 11 tendo como antecedentes a fundação
do grupo de estudos de neurociência e psicanálise no Instituto de
Psicanálise em 1994 com a participação de Arnold Pfefer, e o
neurocientista da Universidade de Columbia como James Schwartz, que a
partir de 1996, fica sobre a coordenação de Mark Solms, psicanalista
inglês com formação em neurociência, que vinha trabalhando em Londres e
publicando trabalhos sobre o assunto desde a década de 1980 que
juntamente com Pfeffer, em Londres, julho de 2000 , organizam o I
Congresso Internacional de Neuro-Psicanálise, onde é criada a Sociedade
Internacional de Neuro-Psicanálise.
Destaca-se ainda nesse intere a
publicação do artigo intitulado Biology and the future of
psychoanalysis: a new intellectual framework for psychiatry (em
português, “A biologia e o futuro da psicanálise: uma nova estrutura
intelectual para a psiquiatria”) do neurocientista Eric Kandel, em 1999 .
Segundo Kandel, a neurociência poderia fornecer fundamentos empíricos e
conceituais mais sólidos à psicanálise. Um ano após a publicação do
referido texto, em 2000, Kandel recebe o prêmio Nobel de medicina por
suas contribuições à neurobiologia, introduzindo o conceito de
plasticidade neural. 12
Ver também[editar | editar código-fonte]
IBCP - Psicanálise
Pesquisa psicanalítica
Teoria psicanalítica
Neuroses
Psicoses
Perversões
Inconsciente
Sonho
Alucinação
Fantasia
Histeria
Ansiedade
Melancolia / Depressão
Sexualidade humana / Libido
Incesto / Amor
Édipo / Édipo Rei
Complexo de Édipo
Gradiva de Jensen
Semiótica psicanalítica
Antropologia e psicanálise
Psicologia de Grupo e a Análise do Ego
Nome-do-pai
Discurso do Outro
Autores importantes[editar | editar código-fonte]
Anna Freud
Carl Gustav Jung
Donald Winnicott
Ernest Jones
Erik Erikson
Françoise Dolto
Karl Abraham
Jean Laplanche
Jacques Lacan
Jacques-Allain Miller
Jean-Bertrand Pontalis
Melanie Klein
Sigmund Freud
Slavoj Žižek
Wilfred Bion
Wilhelm Reich
Referências
Ir para cima ↑ Revista Veja
Ir para cima ↑ Ana Maria Bahia Bock/ Presidente do Conselho Federal de Psicologia
Ir para cima ↑ Moore BE, Fine BD (1968), A Glossary of Psychoanalytic
Terms and Concepts, Amer Psychoanalytic Assn, p. 78, ISBN 978-0318131252
Ir para cima ↑ Freud, Pensador da Cultura (Companhia das Letras, 2006
Ir para cima ↑ Freud, Sigmund. Dois verbetes de enciclopédia (1923
[1922]) in: Freud Sigmund. Psicologia de Grupo e a Análise do Ego. in
Obras completas de Sigmund Freud (23 v.), V.18. RJ, Imago, 1996
Ir
para cima ↑ Freud, Sigmund. Uma breve descrição da psicanálise (1924
[1923]) in: Freud, Sigmund. O ego e o Id e outros trabalhos, (1923-1925)
in Obras completas de Sigmund Freud (23 v.), V.19. RJ, Imago, 1996
Ir para cima ↑ Goodwin, C James. História da psicologia moderna. SP, Cultrix, 2005
Ir para cima ↑ Freud, Sigmund. Cinco lições de psicanálise. In: Cinco
lições de psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos (1910[1909])
Obras completas de Sigmund Freud (23 v.), V.XI. RJ, Imago, 1996
Ir para cima ↑ Introdução à Psicanálise - Psicologado Artigos de Psicologia
Ir para cima ↑ Alexander, Franz G, Selesnick, Sheldon T. História da
psiquiatria: uma avaliação do pensamento e da prática psiquiátrica desde
os tempos primitivos até o presente. São Paulo: Ibrasa, 1968.
Ir para cima ↑ Soussumi, Yusaku. O que é neuro-psicanálise. Cienc. Cult. vol.56 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2004
Ir para cima ↑ Lyra Carlos Eduardo S. Neuropsicanálise: um novo
paradigma para a psicanálise no século XXI (Carta aos editores) Rev
Psiquiatr RS set/dez 2005;27(3):328-330
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
Portal A Wikipédia possui o
Portal de Psicologia
Strachey, James (Ed.) Sigmund Freud, edição standard brasileira das obras de sigmund Freud 24 V. RJ, Imago, 1996
Etchegoyen, R. Horacio : Fundamentos da Técnica Psicanalítica - 2ª Edição, Editora: Artmed, 2004, ISBN 85-363-0206-2
Rapaport David. A estrutura da teoria psicanalítica (Estudos n 75). SP, Perspectiva, 1982
Souza, Paulo César. As palavras de Freud, o vocabulário freudiano e suas versões. SP, Companhia das Letras, 2010
Hothersall, D. História da psicologia moderna. SP, McGraw-Hill, 2006
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Psicanálise
Pathpsych- Coleção de Livros de Psicanálise para baixar no Scribd
Blog Psicanálise e Afins
Febrapsi - Federação Brasileira de Psicanálise
Psicoanálisis en Portalpsicologia.org
ABRAFP - Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise
Filosofia e Psicanálise
Instituto Sedes Sapientiae
NovaMente (movimento de estudo, pesquisa, clínica e publicações para o desenvolvimento e divulgação da Nova Psicanálise)
International Network of Freud Critics (em inglês)
International Neuropsychoanalysis Society (em inglês)
Vídeo com a voz de Sigmund Freud (em português)
EBP - Escola Brasileira de Psicanálise
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