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domingo, 18 de dezembro de 2011

António Damásio - Biografia

António Rosa Damásio GO SE (Lisboa, 25 de Fevereiro de 1944) é um médico neurologista, neurocientista português que trabalha nos estudo do cérebro e das emoções humanas. Atualmente é professor de Neurociência na University of Southern California. Entre os anos de 1996-2005 Damásio trabalhou no hospital da University of Iowa.
Licenciou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde veio também a doutorar-se. Após uma estadia no Centro de Investigação da Aphasia de Boston (EUA), regressou ao Departamento de Neurologia do Hospital Universitário de Lisboa.
Publicou o seu primeiro livro: O Erro de Descartes - Emoção, Razão e Cérebro Humano assim como O Sentimento de Si (2001), eleito um dos dez livros do ano pelo New York Times. Também escreveu "Ao encontro de Espinosa". Recebeu, entre muitos outros prémios, o Prémio Pessoa e o Prémio Príncipe das Astúrias de Investigação Científica e Técnica em Junho de 2005. Em 2010 editou o seu mais recente livro "O Livro da Consciência"
Estudioso de neurobiologia do comportamento humano e investigador das áreas cerebrais responsáveis pela tomada de decisões e conduta. Observou o comportamento em centenas de doentes com lesões no córtex pré-frontal, permitindo concluir que, embora a capacidade intelectual se mantivesse intacta, esses doentes apresentavam mudanças constantes do comportamento social e incapacidade de estabelecer e respeitar regras sociais.
Os seus estudos debruçam-se sobre a área designada por ciência cognitiva, e têm sido decisivos para o conhecimento das bases cerebrais da linguagem e da memória.
Em 2010 é distinguido com o prémio Honda, atribuído pela Honda Foundation, no valor de 80 mil euros, aproximadamente.

A emoção é um programa complexo

A emoção é um programa complexo

António Damásio proferiu conferência no ISPA

Na conferência "A neurobiologia das emoções numa perspectiva actual", promovida pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), o autor de livros como "O Erro de Descartes" ou "Ao Encontro de Espinosa" procurou responder a três questões: "O que é a emoção?", "O que são os sentimentos?" e "Como é que sentimos uma emoção".
Falando para cerca de 500 pessoas, entre alunos, professores e investigadores, sobretudo das áreas da neurobiologia e comportamento humano, António Damásio apresentou as suas teorias em torno de uma "pergunta central que fez há muitos anos" sobre o que é a emoção. Para o investigador e professor da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos da América - país onde se radicou -, a emoção é "essencialmente um programa de estratégias activas e cognitivas".
Segundo António Damásio, a emoção desencadeada por determinado estímulo dá origem a "um programa de acções", diferentes conforme o tipo de emoção, que provocam alterações rosto, no corpo ou no sistema endócrino (estratégias activas). O corar de um rosto, a tensão muscular, o aumento do ritmo cardíaco, ou o aumento da secreção de determinada hormona são exemplos dessas alterações fisiológicas.
Contudo, falar da emoção apenas como um programa de acções é restrito demais, considera o especialista, sustentando que existem também as estratégias cognitivas, "certos estados mentais que fazem parte do programa completo de acções". Como exemplo, o neurobiologista referiu que "a tristeza obriga a certa estratégia cognitiva": num estado de tristeza, uma pessoa não pensa num jantar agradável e divertido, mas é capaz de pensar na morte.
"É sabido que é difícil uma atenção focalizada em momentos de extrema tristeza ou que durante emoções de medo pode haver uma capacidade de aprendizagem aumentada", disse. Mas a questão da emoção é ainda mais complexa, porque as emoções (esses programas de acções) são desencadeadas por determinados estímulos que não têm obrigatoriamente o mesmo efeito em pessoas diferentes.
Os estímulos podem ser objectos ou situações, actuais ou existentes na mente, e alguns são evolucionais e outros são aprendidos individualmente. "Situações que causem medo ou compaixão são muito antigas e são colocadas em nós pela evolução, estão nos genomas", por isso são evolucionais, explicou António Damásio.
"Mas se o estímulo que desencadeia emoções é uma determinada pessoa que nada tenha a ver com a História ou evolução, mas com aspectos de aprendizagem que tenham só a ver connosco", está-se perante um estímulo individual, acrescentou.
Três tipos de emoções
A propósito, o cientista referiu três tipos de emoções: as de fundo, que são mais vagas, como o entusiasmo ou o desencorajamento, as primárias, que são mais pontuais, como a tristeza, o medo, a raiva ou a alegria, e as sociais, que são um resultado sócio-cultural, como a compaixão, a vergonha ou o orgulho.
Passada a exposição da sua teoria sobre a emoção, António Damásio debruçou-se sobre o que são os sentimentos, explicando que são por um lado alterações do corpo que podem ser reais ou simuladas, e por outro estados alterados de recursos cognitivos.
"Nem todas as alterações que sentimos no corpo são necessariamente as que se estão a passar", pois é possível o cérebro simular essas alterações sem que elas realmente aconteçam.
Quanto aos "estados alterados de recursos cognitivos", António Damásio refere-se à percepção que a pessoa tem de que algo se modifica no seu espírito, na maneira de pensar ou na tendência para agir de determinada forma. No final da palestra, o investigador tratou de explicar "como é que sentimos uma emoção".