Reservas Funcionais
Reservas Funcionais
Reservas Funcionais Diz a lenda que só usamos 10% do cérebro. Isto não é
verdade: usamos o cérebro todo, o tempo todo – de maneiras diferentes.
Considerar que só 10% são usados poderia levar a pensar que os outros
90% servem de reserva em caso de necessidade (por exemplo, após lesões
cerebrais) - o que naturalmente não pode ser verdade, já que cada parte
do cérebro tem sua função.
Acredita-se, contudo, que existe uma
outra forma de reserva funcional no cérebro: na forma de conexões
sinápticas ricas entre os vários sistemas e suas partes, que representam
caminhos alternativos para o processamento de informação, sobretudo em
casos de necessidade.
Como conexões sinápticas são mantidas e
modeladas dependendo do seu uso, a consequência é que um cérebro usado
bastante, e de maneiras bastante variadas, terá uma maior riqueza de
boas conexões disponíveis para uso alternativo.
Esses cérebros, portanto, devem ser mais resistentes aos danos decorrentes do envelhecimento, ou de doenças.
De fato, o maior fator de proteção contra a demência senil e a demência
neurodegenerativa é simplesmente a educação formal: quanto mais tempo
se passa na escola, menor se torna a probabilidade de um dia ter sinais
da doença de Alzheimer,
por exemplo.
Um dos ganhos com a
educação formal, que pode ser considerada um longo período de
aprendizado intenso e sistematizado, é provavelmente a formação de uma
extensa rede de conexões, muitas das quais talvez redundantes, que
formam uma reserva mental, podendo ser recrutadas alternativamente em
caso de necessidade.
Isso explicaria, por exemplo, por que algumas
pessoas permanecem em forma e pensando com clareza ao longo de toda sua
vida enquanto outras pessoas não.
reservas funcionais
Essas
reservas mentais, contudo, precisam, podem, e devem ser mantidas ao
longo da vida, já que as sinapses têm o poder de serem desfeitas,
refeitas e fortalecidas o tempo todo de acordo com o uso ou a falta
dele.
Por isso, nunca é tarde para investir em formar reservas
cerebrais; e se você teve um bom começo na vida, investir na manutenção
das suas reservas, e até aumentá-las, é uma boa ideia.
Reservas
funcionais The Bronx Aging Study, publicado no New England Journal of
Medicine e liderado pelo Dr. Joe Verghese, um neurologista, acompanhou
quase 500 pessoas por mais de 20 anos, observando o que elas realmente
fazem em seu cotidiano e qual é a relação entre tais escolhas e a saúde
do cérebro. A pesquisa mostrou que as pessoas que participavam pelo
menos quatro vezes por semana de atividades mentais estimulantes, como
jogos interativos e dança, tinham uma probabilidade de 65 a 75% maior de
permanecerem em boa forma do que aqueles que não realizavam essas
atividades. O Dr. David Bennett, no Rush University Medical Center,
chegou recentemente a uma conclusão parecida, depois de seguir mais de
2000 pessoas durante vários anos. Ao longo do tempo do estudo, 134
pessoas do grupo morreram. Nenhuma delas tinha sido diagnosticada com
Alzheimer ou teve sequer um leve declínio cognitivo. Mas 36%
apresentavam no cérebro os emaranhados de fibras e as placas
características de Alzheimer – apenas não tinham sintomas! Essas pessoas
aparentemente tinham acumulado reservas cerebrais suficientes para não
mostrar sinais clínicos da doença, o que significa que mantinham boas
habilidades de pensar apesar do Alzheimer já instalado.
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