Há um mundo a ser descoberto
nos bastidores da mente humana; um mundo rico, sofisticado e interessante; um
mundo além da massificação da cultura, do consumismo, da cotação do dólar, da
tecnologia, da moda, do estereótipo da estética. Procurar conhecer este mundo é
uma aventura indescritível.
A jornada mais interessante
que um homem pode fazer não é a que ele faz quando viaja pelo espaço ou quando
navega pela Internet. Não! A viagem mais interessante é a que ele empreende
quando se interioriza, caminha pelas avenidas do seu próprio ser e procura as
origens da sua inteligência e os fenômenos que realizam o espetáculo da
construção de pensamentos e da "usina das emoções".
A espécie humana está no topo
da inteligência de milhões de espécies na natureza. Imagine como deve ser
complexa a atuação dos fenômenos psíquicos responsáveis pela nossa capacidade
de amar, de chorar, de sentir medo, de ter esperança, de antecipar situações do
futuro, de resgatar experiências passadas. Investigar as origens e os limites
da inteligência não é um dever, mas um direito fundamental do homem.
Este livro objetiva conduzir
o leitor a caminhar para dentro de si mesmo e expandir o mundo das idéias
sobre a mente humana, a construção de pensamentos e a formação de pensadores. Quando
realizamos essa jornada intelectual, nunca mais somos os mesmos, pois
começamos a repensar e reciclar nossas posturas intelectuais, nossas verdades,
nossos paradigmas socioculturais, nossos preconceitos existenciais. Passamos a
compreender o homem numa perspectiva humanística: psicológica, filosófica e
sociológica. Nossa visão sobre os direitos humanos sofre uma revolução
intelectual, pois começamos a compreender e a apreciar a teoria da igualdade a
partir da construção da inteligência. Começamos a enxergar que todos os seres
humanos possuem a mesma dignidade intelectual, pois mesmo um africano, vivendo
em dramática miséria, possui a mesma complexidade nos processos de construção
da inteligência que os intelectuais mais brilhantes das universidades.
Somos diferentes? Sim, o
material genético apresenta diferenças em cada ser humano; o ambiente social,
econômico e cultural também apresenta inúmeras variáveis na história de cada
um. Porém, todas essas diferenças estão na ponta do grande iceberg da inteligência.
Na imensa base desse iceberg somos mais iguais do que imaginamos. Todos
penetramos com indescritível habilidade na memória e resgatamos com extremo
acerto, em frações de segundos e em meio a bilhões de opções, as informações
que constituirão as cadeias dos pensamentos.
Construir idéias,
pensamentos, inferências, sínteses, resgates de experiências passadas, são
atividades sofisticadíssimas da inteligência. Se não fôssemos seres pensantes
não teríamos a "consciência existencial": a consciência de que
existimos e de que o mundo existe. Não poderíamos amar, desconfiar, nos
alegrar, conferir, ter medo, sonhar, pois tudo o que fizéssemos seria apenas
reações instintivas e não frutos da vontade consciente. Ter uma consciência nos
faz, embora fisicamente pequenos, distintos de todo o universo. Sem a
consciência, que é o fruto mais espetacular da construção de pensamentos, nós e
o universo inteiro seríamos a mesma coisa.
Demorei muitos anos para
redigir estes textos. Isso ocorreu porque eles não abordam um assunto
científico comum, mas desenvolvem uma nova e original teoria sobre o
funcionamento da mente humana e o processo de construção da inteligência. Uma
teoria é uma fonte de pesquisas. Uma teoria bem elaborada abre as janelas da
mente daqueles que a utilizam, expandindo, assim, os horizontes da ciência.
Estamos, agora, numa nova
edição. Os textos da primeira edição foram reorganizados e novas idéias foram
acrescentadas. Alguns capítulos centrais do livro foram mudados de posição,
passando para o início, para que os leitores tomem, logo nos primeiros
capítulos, contato com os fenômenos que constituem o cerne da teoria. Encorajo
os leitores a utilizarem constantemente o glossário para se familiarizarem com
os termos.
Vivemos num mundo onde o
pensamento está massificado, o consumismo se tornou uma droga coletiva, a
paranóia da estética controla o comportamento, as cotações do dólar e das ações
nas bolsas de valores ocupam excessivamente o palco de nossa mente. Um mundo
onde as pessoas buscam o prazer imediato, têm pouco interesse em repensar sua
maneira de ver a vida e reagir ao mundo e principalmente em investigar os
mistérios que norteiam a sua capacidade de pensar.
Espero que este livro
provoque uma pausa na vida dos leitores, que os estimule a se interiorizarem.
Desejo que ele contribua não apenas para expandir o mundo das idéias na
psicologia e na filosofia e se tornar fonte de pesquisa nas ciências, mas
também possa funcionar como estimulador da formação de pensadores humanistas,
de engenheiros de idéias, de poetas existenciais, de pessoas que consideram a
procura da maturidade da inteligência e a conquista da sabedoria existencial
tesouros intelectuais de inestimável valor.
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