quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

OS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO MULTIFOCAL DOS PENSAMENTOS

OS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO MULTIFOCAL DOS PENSAMENTOS

A construção dos pensamentos envolve diversos pontos complexos que são dificílimos de ser observados e investigados e, conseqüentemente, de se produzir conhecimento sobre eles. A seguir farei uma recapitulação dos pontos que analisei e dos que ainda precisam ser examinados: 1. A natureza dos pensamentos. 2. Os três tipos básicos dos pensamentos produ­zidos na mente (o essencial, o dialético e o antidialético). 3. Os sistemas de relações existentes entre os tipos de pensamentos. 4. Os sistemas de rela­ções que os pensamentos mantêm com o mundo intrapsíquico e extrapsíquico. 5. A lógica dos pensamentos. 6. Os processos psicodinâmicos que os constroem e que ultrapassam os limites da lógica. 7. Os sistemas de códigos que reorganizam a construção dos pensamentos. 8. O processo de desorganização dos pensamentos. 9. Os limites e o alcance dos três tipos básicos de pensamentos. 10. A práxis ou materialização dos pensamentos. 11. Os sistemas de validação científica dos pensamentos. 12. O gerenciamento da construção dos pensamentos pelo eu. 13. A leitura da memória e a formação das matrizes de pensamentos essenciais históricos. 14. A construção de pensamentos gerada pelo fenômeno da autochecagem da memória. 15. O fluxo da construção vital e inevitável dos pensamentos produzidos pelo fenômeno do autofluxo. 16. A disponibilidade histórica da memória produzida pela âncora da memória, que gera e, ao mesmo tem­po, limita a construção dos pensamentos produzida pelo fenômeno da autochecagem da memória, fenômeno do autofluxo e consciência do eu. 17. O uso espontâneo, inevitável e instantâneo das RPSs (representações psicossemânticas das experiências psíquicas e das informações contidas na memória) nas "cadeias psicodinâmicas dos pensamentos". 18. A leitura da memória e o resgate inconsciente das RPSs, que constituirão as "cadeias psicodinâmicas dos pensamentos". 19. O processo seletivo e inconsciente de cada RPS em meio a bilhões de opções existentes na memória. 20. A conjugação tempo-espacial dos verbos e suas inserções nas "cadeias psicodinâmicas dos pensamentos", antes que elas tenham se tornado cons­cientes pelo homem. 21. A pista de decolagem virtual preparada pelas matrizes de pensamentos essenciais e suas relações com o processo de leitu­ra virtual que dá origem aos pensamentos dialéticos e antidialéticos. 22. Os pensamentos essenciais histórico-dependentes e histórico-independentes. 23. A influência do fenômeno da psicoadaptação nos processos de construção dos pensamentos. 24. A "psicolinguagem inconsciente" das matrizes dos pensamentos essenciais. 25. A "psicolinguagem consciente" dos pensamen­tos dialéticos. 26. A "antipsicolinguagem consciente" dos pensamentos antidialéticos. 27. A aplicabilidade do fenômeno da credibilidade autógena na produção dos pensamentos dialéticos e na produção dos pensamentos antidialéticos na esfera da virtualidade ou antiessencialidade. 28. A organi­zação da cadeia de idéias que constituem as análises, as sínteses, os siste­mas dos referenciais, enfim, os discursos teóricos dos pensamentos. 29. A desorganização psicótica da "cadeia psicodinâmica" dos pensamentos. 30. Os sistemas de encadeamentos distorcidos ocorridos na construção de pensamentos. 31. O resgate e utilização das experiências passadas no ciclo da construção dos pensamentos e no processo de formação da perso­nalidade etc.
A inteligência multifocal possui três grandes áreas: uma construção multifocal, através da construção de pensamentos; uma influência multifocal através das variáveis da interpretação; um desenvolvimento multifocal con­tínuo, através dos estímulos intrapsíquicos, socioeducacionais e da carga genética. Existem teorias respeitáveis que enfatizam a terceira grande área, ou seja, a área do desenvolvimento da inteligência, como a Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner,6 que aborda a inteligência lin­güística, lógico-matemática, espacial, musical, interpessoal etc.
Na realidade, só existe uma psique, um campo de energia psíquica, uma mente, e, portanto, só existe uma inteligência. Neste livro ela é chama­da formalmente de inteligência multifocal apenas porque sofre uma cons­trução, uma influência e um desenvolvimento multifocal. Esse desenvolvi­mento se manifesta através de múltiplas possibilidades intelectuais, chama­da de inteligências múltiplas na teoria que há pouco citei.
Tenho uma visão particular da terceira grande área, a área do desen­volvimento da inteligência. Para mim, esse desenvolvimento precisa ser psicossocial e filosófico e envolve a formação do homem como democrata das idéias; como pensador que tem afinidade com a arte da dúvida, a arte da crítica, a arte de ouvir, a arte da contemplação do belo; como um enge­nheiro de idéias que aprende a pensar antes de reagir, que aprende a interiorizar-se, a repensar-se; como pensador humanista que desenvolve a cidadania, que aprende a colocar-se no lugar do outro, que valoriza os direitos humanos e conquista uma macrovisão da espécie humana, etc. Porém, a ênfase principal deste livro é a primeira área, ou seja, a área da construção da inteligência, encabeçada pela construção dos pensamentos. Essa construção, por abordar a leitura da memória, os fenômenos que ge­ram o nascedouro das idéias, os tipos fundamentais de pensamentos, a natureza dos pensamentos, a formação da consciência existencial etc, pode contribuir para expandir e revisar as outras teorias que abordam a terceira área do desenvolvimento da inteligência, tais como a Teoria da Inteligên­cia Múltipla e a Inteligência Emocional.
Há pouco listei mais de trinta pontos que se referem apenas à área da construção de pensamentos. Sé acrescentasse a influência das variáveis da interpretação na construção dos pensamentos, representada pelas variáveis intrapsíquicas (energia emocional, história intrapsíquica etc), intraorgânicas (carga genética, stress físico, distúrbios metabólicos etc.) e extrapsíquicas (meio ambiente intra-uterino, estímulos socioeducacionais, stress socio-profissional etc), muitos pontos ainda teriam que ser acrescentados a essa lista. Imagine a rica influência de cada uma dessas variáveis no momento específico da ação dos fenômenos que fazem a leitura da memória e cons­troem as cadeias de pensamentos. Quando uma pessoa, por exemplo, está sob efeito de uma droga psicotrópica ou de um stress socioprofissional, a leitura da memória e a construção das cadeias de pensamentos sofrem diversas interferências.
A investigação desses pontos exige um processo de observação e inter­pretação continuamente aberto, crítico e reorganizável para que possamos expandir as possibilidades de construção do conhecimento sobre eles. Ex­cetuando o ponto ligado à desorganização psicótica das "cadeias psicodinâmicas dos pensamentos", todos os outros pontos são universais, o que evi­dencia a complexidade e sofisticação de cada ser humano.
Pelo fato de esses pontos estarem na base universal da construção dos pensamentos, eles podem ser usados para auxiliar, fundamentar, criticar e abrir avenidas de pesquisas para outras teorias psicológicas, tais como as teorias da personalidade. Por exemplo, a estrutura da personalidade de Freud, expressa pelo id, pelo ego e pelo superego, poderia ser ainda mais desenvolvida. O "id" poderia ser mais bem elucidado a partir da influência da energia biofísica (instinto) na produção de matrizes de pensamentos essenciais inconscientes. O "ego" poderia ser mais bem elucidado a partir dos fenômenos que fazem a leitura da memória e que produzem a constru­ção das cadeias de pensamentos dialéticos e antidialéticos. Por sua vez, o "superego" poderia ser mais bem compreendido a partir dos complexos deslocamentos da âncora da memória e, conseqüentemente, das mudanças dos territórios de leitura da história intrapsíquica. Por outro lado, as teorias comportamentais e cognitivas, que têm uma linha psicoterapêutica e um embasamento teórico distintos da psicanálise de Freud, também poderiam ser mais elucidadas através dos processos de construção de pensamentos. Por exemplo, as técnicas comportamentais poderiam ser melhor desenvol­vidas e ter outras possibilidades de pesquisas se incorporassem, entre ou­tros pontos, o conhecimento sobre o fenômeno da autochecagem da me­mória, a construção das cadeias de pensamentos essenciais e o registro automático dessas cadeias na memória pelo fenômeno RAM (registro auto­mático da memória).
Não é objetivo deste livro aplicar a teoria da inteligência multifocal em outras teorias. Seria bom que essa tarefa pudesse ser realizada por outros pesquisadores. A construção dos pensamentos é extremamente abrangente e complexa.

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