AS CARACTERÍSTICAS PSICOSSOCIAIS FUNDAMENTAIS QUE CONSTITUEM A HISTÓRIA E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PENSADORES
Para realizar o complexo, sofisticado e rico processo de formação de
pensadores é necessário procurar conquistar e amadurecer as
características psicossociais e as funções mais nobres da inteligência.
1. Procurar conhecer as origens da inteligência humana, seus limites, alcance, práxis.
2. Ter consciência de que pensar é um processo inevitável e impossível
de ser interrompido, apenas direcionado. Saber que o mundo das idéias é a
maior fonte de entretenimento natural do homem, todavia ela pode se
transformar na maior fonte de terror emocional. Portanto, ê imperativo
aprender a administrar o fenômeno do autofluxo e não permitir que ele
gere idéias fixas de conteúdo negativo.
3. Aprender a pensar
multifocalmente com liberdade e consciência crítica. Reciclar o fenômeno
da psicoadaptação, objetivando romper a mesmice das idéias e libertar a
criatividade.
4. Aprender a gerenciar os pensamentos e emoções. Resgatar a liderança do eu nos focos de tensão psicossocial.
5. Aprender a pensar antes de reagir. Respeitar a sua própria
inteligência e a inteligência do outro. Não permitir que o fenômeno da
autochecagem feche o território de leitura da memória.
6.
Desenvolver a arte da pergunta, ter consciência da ditadura da resposta e
de que cada resposta é o começo de novas perguntas.
7. Desenvolver a
arte da dúvida e a utilizar como princípio da sabedoria: duvidar de si
mesmo, dos seus paradigmas socioculturais, de sua rigidez intelectual e
das convenções do conhecimento.
8. Desenvolver a arte crítica.
Criticar com liberdade a si mesmo e ao mundo que o circunda. Usar a arte
da pergunta e da dúvida como trilhos da arte da crítica.
9. Aprender a se proteger emocionalmente filtrando os estímulos estressantes e trabalhando as contrariedades existenciais.
10. Executar o trabalho intelectual como um empreendedor criativo, dinâmico, flexível, seguro.
11. Ter prazer nos desafios intelectuais, sociais e profissionais. Não
permitir que o medo trave a capacidade de pensar, impeça a leitura ampla
da memória.
12. Aprender primeiramente a ser um líder de si mesmo para depois liderar a outros.
13. Estabelecer metas existenciais, intelectuais e socioprofissionais.
14. Procurar conquistar a disciplina, a paciência e a perseverança como
jóias preciosas da inteligência para atingir suas metas.
15. Analisar as variáveis para atingir seus objetivos e procurar prever as intempéries e os obstáculos que surgirão.
16. Trabalhar as dores, perdas, frustrações e utilizá-las como alicerces da maturidade da inteligência.
17. Reconhecer e repensar com inteligência e dignidade as fragilidades,
os erros, os fracassos e as limitações. Ter consciência de que um sábio
não é aquele que nunca erra e fracassa, mas aquele que amadurece diante
deles.
18. Refletir sobre a temporalidade e fragilidade da vida humana e procurar dar um sentido mais nobre para a existência.
19. Desenvolver a arte da contemplação do belo não apenas diante dos
grandes eventos da existência, mas principalmente diante dos pequenos
estímulos da rotina diária.
20. No binômio entre o "ter" e o "ser", optar pelo "ser" sem abandonar o "ter".
21. Conseguir distinguir os princípios da "matemática da emoção" dos
princípios da matemática financeira. "Ter não é premissa fundamental
para ser", é possível ter pouco e até ser pobre e, ao mesmo tempo, ser
um poeta da existência.
22. Ser um amante da honestidade intelectual: Criticar a simulação e a omissão. Ser fiel ao seu pensamento.
23. Vacinar-se contra a paranóia de ser o número 7 e contra a
competição selvagem, desumanística e desinteligente. Assumir sua
condição psicossocial com dignidade e procurar expandir suas
possibilidades intelectuais.
24. Valorizar as relações sociais e procurar ser um agente social, mas não gravitar em torno do que os outros pensam de nós.
25. Aprender a se colocar no lugar do outro e perceber suas dores e necessidades psicossociais.
26. Aprender a se doar psicossocialmente sem esperar a contrapartida do retorno.
27. Aprender a expor e não impor as idéias. Ter consciência de que um
verdadeiro líder expõe suas idéias, pois sua força está na sua
inteligência, mas uma pessoa autoritária as impõe, pois sua força está
nas mais diversas formas de agressividade.
28. Aprender a apreciar a inteligência do outro e procurar estimulá-la, provocá-la, promovê-la.
29. Procurar realizar o debate de idéias com as pessoas circundantes
(alunos, funcionários, amigos, familiares) procurando compreender o
alcance de suas idéias, respeitá-las e utilizá-las.
30. Aprender a arte de ouvir. Ouvir aberta e despreconceituosamente o outro e não ouvir apenas o que se quer ouvir.
31. Valorizar o processo de construção de um produto (conhecimento,
obra de arte, produto industrial, meta profissional) tanto ou mais do
que o próprio produto.
32. Procurar conhecer e desenvolver o humanismo a partir do processo de construção de pensamentos, das origens da inteligência.
33. Procurar conhecer a democracia das idéias e seus amplos aspectos
psicossociais. Aprender a respeitar a cultura do "outro" e a apreciar a
diversidade de pensamentos.
34. Ter consciência de que tanto as mais
diversas formas de discriminação quanto a supervalorização de uma
pequena minoria de intelectuais, líderes sociopolíticos, artistas, etc,
são procedimentos desinteligentes e desumanísticos, são faces opostas
da mesma doença da interpretação.
35. Ter uma visão multifocal da
espécie humana e da teoria da igualdade a partir do conceito do
humanismo e da democracia das idéias.
36. Expandir o mundo das
idéias através do uso das artes da inteligência (a arte da pergunta,
dúvida, crítica, observação, análise multifocal) e o caos intelectual.
Usar o caos intelectual tanto para evitar as contaminações do processo
de interpretação como para expandir as possibilidades de construção do
conhecimento.
37. Vacinar-se contra o autoritarismo das idéias e a
ditadura do discurso teórico produzidos conscientemente pelo "eu", pois
eles engessam a inteligência, esgotam as possibilidades do conhecimento
e estabelecem a ditadura da verdade na Psicologia, na Filosofia, nas
Ciências Naturais, na Política, na Economia, etc. Ter consciência de que
a verdade científica e sociopolítica é inesgotável e inalcançável.
38. Vacinar-se contra os três tipos de ditaduras inconscientes ocorridas
nos bastidores da construção de pensamento: a ditadura do preconceito, a
ditadura da emoção e a ditadura do deslocamento dos territórios de
leitura da memória.
39. Ter consciência básica de que o Homo
sapiens é um Homo interpres micro e macrodistinto a cada momento
existencial e de algumas variáveis que participam do processo de
interpretação.
40. Aprender a gerenciar com maturidade a inevitável
transformação da energia emocional e a incontida revolução da construção
dos pensamentos.
41. Produzir um clima de cooperação no ambiente
social e socioprofissional através da práxis, do humanismo e da
expressão das artes da inteligência e não através da pressão social ou
da imposição das metas e das idéias.
42. Ser capaz de fazer com que
as pessoas que o circundam penetrem em seus sonhos e seus projetos
intelectuais e socioprofissionais, motivando-as a se engajarem neles.
43. Ter mais prazer no trabalho em grupo, na cooperação social e no
exercício da cidadania do que na busca, da notoriedade e do estrelismo
individual.
44. Aprender a se colocar como um "eterno" aprendiz na
"curta" trajetória existencial humana. Vacinar-se contra a síndrome da
exteriorização existencial, contra ser um passante existencial, alguém
que transita pela vida sem criar raízes dentro de si mesmo.
45. Aprender a falar não apenas do mundo extrapsíquico, mas também a falar de si mesmo e trocar experiências existenciais.
46. Balizar com sabedoria tanto a segurança em suas atividades sociais
como a arte da dúvida e da crítica direcionada aos fundamentos dessa
segurança.
47. Aprender a trabalhar o caos emocional e social e usá-los para expandir as possibilidades de construção psicossocial.
48. Ser um poeta existencial, um garimpeiro de idéias, que procura intensamente o enriquecimento intelectual.
49. Ter consciência de que qualquer pessoa sabe viver bem nas
primaveras da vida (os sucessos, os apoios, as condições psicossociais
favoráveis), mas só os sábios aprendem a conquistar a dignidade e a
sabedoria em seus invernos existenciais (as perdas, os fracassos, os
recuos, as contrariedades, as dores psicossociais).
50. Procurar ser
um engenheiro de idéias que atua com consciência crítica, como agente
construtor da sua história intrapsíquica (personalidade) e social.. Um
engenheiro de idéias que procura desenvolver as características mais
nobres da inteligência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário