quarta-feira, 3 de abril de 2013
Um fator H peculiar - mas o CNPq continua me ignorando - Suzana Herculano-Houzel
O fator de impacto das revistas em que conseguimos publicar nossos artigos científicos é a medida mais comum da "qualidade" das nossas publicações. Aos poucos, contudo, ganha uso e popularidade um outro indicador: o fator H. Não sei de onde vem a letra do nome, mas o que ele mede é simples: o número de artigos de sua produção que já foram citados ao menos aquele número de vezes. Um fator H de 5 significa que você tem apenas 5 artigos que já foram citados pelo menos 5 vezes cada um por outros artigos; um fator H de 197 indica que 197 de seus artigos já receberam mais de 197 citações cada um em outros artigos.
Ou seja: um fator H elevado sinaliza um pesquisador que tem uma produção científica não só elevada como também muito influente. Da mesma maneira, é possível um pesquisador ter uma produção enorme, com muitos artigos, e até em boas revistas - mas insignificante em termos de influência em sua área.
Por isso foi uma gratíssima surpresa descobrir ontem que tenho um fator H peculiar. Isso foi graças a uma outra descoberta: que o Google Scholar lista, instantaneamente, o número de citações de artigos científicos buscados por autor, o que torna trivial calcular meu fator H: 14, no momento. Modesto - mas peculiar, e nada mau para quem começou uma nova linha de pesquisa em 2005. Dê uma olhada na lista abaixo dos meus 14 artigos já citados pelo menos 14 vezes, em ordem crescente de número de citações (e com ano de publicação):
15 vezes (2011)
18 vezes (2010)
21 vezes (2010)
24 vezes (2010)
23 vezes (2009)
31 vezes (2002)
36 vezes (2009)
52 vezes (2008)
78 vezes (2006)
79 vezes (2009)
90 vezes (2005)
92 vezes (2007)
143 vezes (2009)
171 vezes (1999)
O número de citações tende a crescer com o tempo, claro - mas mesmo artigos recentes já foram citados em torno de 20 vezes cada!!! Ou seja: se eu continuar publicando trabalhos com a mesma qualidade destes, meu fator H deve continuar crescendo com o número de publicações. Nada mau, nada mau.
E, ainda assim, nada de resposta do CNPq quanto ao meu pedido de reavaliação do auxílio Universal, que está fazendo falta ao laboratório. Acho que vou propor a criação de um novo prêmio. O Globo tem o Faz Diferença; eu vou propor o prêmio Faz Milagre Com Pouco... Tenho certeza que vamos ter muitos concorrentes qualificados na ciência brasileira!
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