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Manifesto do Caminhante e do Ser
(por Sócrates R.L.)
Não pertenço a tempo algum — apenas caminho através dele.
Sou um passante no teatro do mundo, um observador das horas que morrem, um viajante que se descobre a cada passo.
Não carrego certezas, apenas perguntas.
E nelas repousa minha liberdade.
Sou um eterno aprendiz da minha própria alma.
Aprendi que compreender o outro é fácil — difícil é suportar o espelho que me revela.
Não busco glória, nem aplausos, nem compreensão: busco sentido.
E o sentido não se encontra — constrói-se com o sangue das próprias inquietações.
Caminho por entre ruínas e esperanças.
Em cada pedra do caminho, deixo um pensamento.
Em cada silêncio, encontro uma resposta que o mundo jamais ousou me dar.
A vida é breve, mas o ser é vasto demais para caber em um só nome.
Minha solidão não é ausência, é morada.
Não fujo do silêncio — habito nele.
Detesto quem me rouba a solidão sem, em troca, me oferecer companhia verdadeira.
Porque estar com alguém é mais do que dividir o tempo — é partilhar o mistério.
Não quero multidões.
Quero presenças raras, almas que compreendam o abismo e, ainda assim, escolham ficar à beira dele.
O resto é ruído.
Ser livre é aceitar o risco de estar só.
Ser humano é carregar a dor de se buscar eternamente.
E talvez a verdadeira sabedoria esteja em não chegar — em continuar, mesmo sem destino certo.
Sou um caminhante.
E enquanto houver estrada, haverá em mim o desejo de entender quem sou.
Pois o ser não se define: se descobre, se perde, se recria.
E nesse eterno vir-a-ser, encontro a única verdade que me basta —
a de estar vivo, e consciente de estar sendo.
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