segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Manifesto do Caminhante e do Ser

 ---


Manifesto do Caminhante e do Ser


(por Sócrates R.L.)


Não pertenço a tempo algum — apenas caminho através dele.

Sou um passante no teatro do mundo, um observador das horas que morrem, um viajante que se descobre a cada passo.

Não carrego certezas, apenas perguntas.

E nelas repousa minha liberdade.


Sou um eterno aprendiz da minha própria alma.

Aprendi que compreender o outro é fácil — difícil é suportar o espelho que me revela.

Não busco glória, nem aplausos, nem compreensão: busco sentido.

E o sentido não se encontra — constrói-se com o sangue das próprias inquietações.


Caminho por entre ruínas e esperanças.

Em cada pedra do caminho, deixo um pensamento.

Em cada silêncio, encontro uma resposta que o mundo jamais ousou me dar.

A vida é breve, mas o ser é vasto demais para caber em um só nome.


Minha solidão não é ausência, é morada.

Não fujo do silêncio — habito nele.

Detesto quem me rouba a solidão sem, em troca, me oferecer companhia verdadeira.

Porque estar com alguém é mais do que dividir o tempo — é partilhar o mistério.


Não quero multidões.

Quero presenças raras, almas que compreendam o abismo e, ainda assim, escolham ficar à beira dele.

O resto é ruído.


Ser livre é aceitar o risco de estar só.

Ser humano é carregar a dor de se buscar eternamente.

E talvez a verdadeira sabedoria esteja em não chegar — em continuar, mesmo sem destino certo.


Sou um caminhante.

E enquanto houver estrada, haverá em mim o desejo de entender quem sou.

Pois o ser não se define: se descobre, se perde, se recria.

E nesse eterno vir-a-ser, encontro a única verdade que me basta —

a de estar vivo, e consciente de estar sendo.


---

Nenhum comentário:

Postar um comentário