X. Conclusão Poético-Metafísica
(O amor como respiração do infinito no coração do tempo)
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O amor é o primeiro e o último som do universo.
Antes que houvesse luz, já havia o desejo de luz;
antes que o ser existisse, já havia a vontade de ser amado.
Do silêncio primordial, o Amor pronunciou o verbo que deu forma ao mundo.
E desde então, tudo o que existe é apenas o eco dessa palavra.
O átomo busca o átomo,
a flor se inclina para o sol,
a alma se volta para outra alma —
tudo é amor em diferentes graus de consciência.
A matéria, o espírito e o tempo são apenas modos de expressão do mesmo anseio:
reunir o que foi separado.
O homem é o lugar onde o amor desperta para si mesmo.
Em cada olhar que se cruza, em cada dor que se compartilha,
em cada perda que se suporta, o amor se reconhece.
Pois amar é consentir em ser vulnerável —
e é dessa vulnerabilidade que nasce toda beleza.
O amor é o único acontecimento que resiste ao tempo.
Ele atravessa a morte, transforma a ausência em presença,
e faz da memória um altar silencioso.
Quem ama verdadeiramente já não pertence ao mundo das coisas:
habita o entrelugar onde o eterno toca o efêmero.
Há quem diga que o amor é ilusão;
mas talvez tudo o mais seja.
O amor é o real mais profundo,
aquele que não se vê, mas sustenta tudo o que se vê.
É a substância invisível do cosmos, o tecido secreto que une estrelas e corações.
Quando dois seres se amam, o universo se recorda de si.
Não são apenas dois corpos que se encontram,
mas duas centelhas que, ao se tocarem, reacendem o fogo original.
Nesse instante, Deus — seja qual for o nome que lhe damos —
respira novamente através da carne.
O amor não se explica, porque é ele quem explica o resto.
É a razão da razão, a origem da consciência,
a força que transforma sofrimento em sabedoria
e solidão em presença.
É o que nos faz mortais e, ao mesmo tempo, nos promete eternidade.
O amor não tem morada fixa.
Está no gesto anônimo, no perdão silencioso,
no olhar que compreende antes de julgar,
na esperança que insiste quando tudo se desfaz.
Ele é o templo onde o ser se inclina diante do mistério
e diz, em silêncio: “Eu sou porque amo.”
E talvez seja isso o destino último de toda existência:
não entender o amor, mas tornar-se amor.
Quando o homem amar com a mesma pureza com que as estrelas ardem,
então o universo será consciência plena —
e o infinito, enfim, repousará em paz dentro de um coração humano.
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