terça-feira, 7 de outubro de 2025

Conclusão Poético-Metafísica



X. Conclusão Poético-Metafísica


(O amor como respiração do infinito no coração do tempo)



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O amor é o primeiro e o último som do universo.

Antes que houvesse luz, já havia o desejo de luz;

antes que o ser existisse, já havia a vontade de ser amado.

Do silêncio primordial, o Amor pronunciou o verbo que deu forma ao mundo.

E desde então, tudo o que existe é apenas o eco dessa palavra.


O átomo busca o átomo,

a flor se inclina para o sol,

a alma se volta para outra alma —

tudo é amor em diferentes graus de consciência.

A matéria, o espírito e o tempo são apenas modos de expressão do mesmo anseio:

reunir o que foi separado.


O homem é o lugar onde o amor desperta para si mesmo.

Em cada olhar que se cruza, em cada dor que se compartilha,

em cada perda que se suporta, o amor se reconhece.

Pois amar é consentir em ser vulnerável —

e é dessa vulnerabilidade que nasce toda beleza.


O amor é o único acontecimento que resiste ao tempo.

Ele atravessa a morte, transforma a ausência em presença,

e faz da memória um altar silencioso.

Quem ama verdadeiramente já não pertence ao mundo das coisas:

habita o entrelugar onde o eterno toca o efêmero.


Há quem diga que o amor é ilusão;

mas talvez tudo o mais seja.

O amor é o real mais profundo,

aquele que não se vê, mas sustenta tudo o que se vê.

É a substância invisível do cosmos, o tecido secreto que une estrelas e corações.


Quando dois seres se amam, o universo se recorda de si.

Não são apenas dois corpos que se encontram,

mas duas centelhas que, ao se tocarem, reacendem o fogo original.

Nesse instante, Deus — seja qual for o nome que lhe damos —

respira novamente através da carne.


O amor não se explica, porque é ele quem explica o resto.

É a razão da razão, a origem da consciência,

a força que transforma sofrimento em sabedoria

e solidão em presença.

É o que nos faz mortais e, ao mesmo tempo, nos promete eternidade.


O amor não tem morada fixa.

Está no gesto anônimo, no perdão silencioso,

no olhar que compreende antes de julgar,

na esperança que insiste quando tudo se desfaz.

Ele é o templo onde o ser se inclina diante do mistério

e diz, em silêncio: “Eu sou porque amo.”


E talvez seja isso o destino último de toda existência:

não entender o amor, mas tornar-se amor.

Quando o homem amar com a mesma pureza com que as estrelas ardem,

então o universo será consciência plena —

e o infinito, enfim, repousará em paz dentro de um coração humano.






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