Seria este o fim da teoria das cordas? Ou a vitória?
Seria este o fim da teoria das cordas? Ou a vitória?
Cientistas da Universidade de Towson (EUA) identificaram um teste
prático com base nos movimentos dos planetas, luas e asteroides que
poderia provar (ou acabar com) a teoria das cordas.
A teoria das
cordas pretende compreender todas as forças do universo – por isso,
também é chamada de “teoria de tudo” -, mas até agora não podia ser
testada com nenhuma instrumentação existente, porque a escala de nível e
tamanho de energia para ver seus efeitos são muito extremos. No
entanto, inspirados por Galileu Galilei e Isaac Newton, cientistas
afirmam que medidas precisas das posições dos corpos do sistema solar
poderiam revelar discrepâncias muito ligeiras no que é previsto pela
teoria da relatividade geral e o princípio da equivalência,
estabelecendo novos limites máximos para medir os efeitos da teoria das
cordas.
A teoria das cordas espera fornecer uma ponte entre
duas teorias bem testadas, mas ainda incompatíveis, que descrevem toda a
física conhecida: a da relatividade geral de Einstein, a nossa teoria
reinante de gravidade, e o Modelo Padrão da física de partículas, ou
teoria quântica de campos, que explica todas as outras forças além da
gravidade. A teoria das cordas postula que toda a matéria e energia do
universo é composta de cordas unidimensionais. Essas sequências são um
quintilhão de vezes menor do que o átomo de hidrogênio já infinitesimal
e, portanto, muito pequenas para se detectar indiretamente. Da mesma
forma, encontrar sinais dessas cordas em um acelerador de partículas
exigiria milhões de vezes mais energia do que a que foi necessária para
identificar o famoso bóson de Higgs.
“Os cientistas brincam
que a teoria das cordas é promissora, e sempre será promissora, por
causa da falta de poder para testá-la”, diz o Dr. James Overduin, do
Departamento de Física, Astronomia e Geociências da Universidade de
Towson, primeiro autor do estudo. “O que nós identificamos é um método
simples para detectar ‘falhas’ na relatividade geral que poderiam ser
explicadas pela teoria das cordas”. Overduin e seu grupo expandiram um
conceito proposto por Galileu e Newton para explicar a gravidade.
Segundo a história, Galileu deixou cair duas bolas de pesos diferentes
da Torre de Pisa para demonstrar como elas iriam bater no chão ao mesmo
tempo.
Anos mais tarde, Newton percebeu que a mesma
experiência é realizada pela Mãe Natureza todo o tempo no espaço, onde
as luas e planetas do sistema solar “caem” continuamente um no outro à
medida que orbitam em torno de seus centros de massa comum. Newton usou
observações de telescópio para concluir que Júpiter e suas luas
galileanas caem com a mesma aceleração em direção ao sol. O mesmo teste
pode ser usado para a teoria das cordas. O campo gravitacional funciona
com exatamente a mesma força para todas as formas de matéria e energia,
uma observação que levou Einstein a sua teoria da relatividade geral,
que está atualmente consagrada na física como o princípio de
equivalência.
A teoria das cordas prevê violações do princípio
da equivalência, pois envolve novos campos que funcionam de forma
diferente para objetos de composição diferente, levando-os a acelerar de
forma diferente, ainda que no mesmo campo gravitacional. Com base no
trabalho feito por Kenneth Nordtvedt e outros cientistas na década de
1970, Overduin e seus colaboradores consideram três possíveis
assinaturas de violação do princípio de equivalência no sistema solar:
desvios na Terceira Lei do movimento planetário de Kepler; deriva dos
pontos estáveis de Lagrange; e polarização orbital (também conhecida
como o efeito Nordtvedt), em que a distância entre dois corpos como a
Terra e a lua oscila devido às diferenças de aceleração em direção a um
terceiro corpo como o sol.
Até à data, não existe qualquer
evidência de qualquer uma destas assinaturas. No entanto, todas as
observações da ciência envolvem algum grau de incerteza experimental. A
abordagem da equipe de Overduin é usar justamente essas incertezas
experimentais para aumentar os limites e mostrar possíveis violações do
princípio de equivalência por parte dos planetas, luas e asteroides
troianos no sistema solar. Os satélites de Saturno, Tétis e Dione, são
um caso de teste particularmente fascinante. Tétis é feito quase
inteiramente de gelo, enquanto Dione possui um núcleo rochoso. Ambos têm
um companheiro troiano. Outro motivo que os torna excepcionalmente
valiosos como potencial teste da teoria das cordas é que, em uma era de
orçamentos científicos cada vez maiores, possuem custo comparativamente
reduzido. Só nos resta esperar pelos resultados.
Instrumento faz primeiras imagens diretas de exoplanetas
Beta
Pictoris b, um planeta muito maior que Júpiter, é registrado pelo
instrumento GPI ao lado de sua estrela, que tem o brilho escondido e
aparece no centro da imagem. O GPI foi criado para registrar exoplanetas
Foto: Christian Marois, NRC Canada / Divulgação
Após quase uma
década de desenvolvimento, o instrumento Gemini Planet Imager (GPI)
começou a coletar luz de mundos distantes. O equipamento foi
desenvolvido, construído e otimizado
para registrar planetas fora do Sistema Solar. Além disso, ele deve
estudar discos de poeira ao redor de jovem estrelas, onde podem nascer
novos planetas. O GPI atuará no telescópio Gemini, um dos maiores do
mundo (com espelho de 8 metros), que fica no Chile. O Laboratório de
Propulsão a Jato da Nasa (JPL, na sigla em inglês) contribuiu com o
projeto ao desenvolver um sensor de infravermelho de ultraprecisão.
O sensor serve para medir pequenas distorções na luz da estrela que
podem esconder um planeta. "Primeiro, nós mantemos a estrela no centro
do instrumento, então seu brilho é bloqueado ao máximo. Segundo,
garantimos que o instrumento em si está estável durante as longas
exposições necessárias para registrar os fracos companheiros
(planetas)", diz Kent Wallace, do JPL.
O GPI detecta o
infravermelho, ou emissão de calor de jovens planetas parecidos com
Júpiter e que tem órbitas distantes de sua estrela. Cada planeta
registrado pode ser estudado em detalhes, revelando os componentes de
sua atmosfera. Apesar de ter sido criado para observar planetas
distantes, o GPI pode estudar mundos dentro do Sistema Solar. Na
terça-feira, os cientistas divulgaram as imagens de teste da lua Europa,
de Júpiter, durante o encontro da Sociedade Americana de Astronomia, em
Washington.
Nasa prevê 'chuva de ferro derretido' e 'neve' de areia quente em estrela anã
Astrônomos apresentam a primeira 'previsão do tempo' para uma estrela anã marrom
Ilustração mostra como seria o clima na estrela anã marrom Foto: Nasa / Divulgação
A primeira previsão do tempo para uma estrela anã marrom acaba de ser
divulgada – e os prognósticos não são bons. Astrônomos preveem chuva de
ferro derretido e "neve" de areia quente, com possibilidade de trovoadas
e furacões. Novas observações do telescópio Spitzer, da agência
espacial americana Nasa, revelam nuvens turbulentas que circulam ao
redor da estrela anã marrom. Estrelas anãs marrons são consideradas uma
espécie de versão "fracassada" de um astro normal, já que elas não
conseguiram adquirir massa suficiente para sustentar o contínuo processo
de fusão de átomos. A previsão meteorológica foi divulgada no 23º
encontro da Sociedade Americana de Astronomia, em Washington.
'Deixe nevar'
É o retrato mais detalhado já feito de um planeta fora do sistema
solar. Ao comentar o estudo, o professor Adam Burgasser, da Universidade
da Califórnia, fez uma brincadeira com a canção de jazz "Let It Snow!
Let It Snow! Let It Snow!". Vamos todos cantar a previsão de nossa
estrela anã mais próxima: deixe nevar pedras, deixe nevar areia, deixe
nevar minerais", disse Burgasser. Os astrônomos usaram o Spitzer para
analisar 44 estrelas anãs marrons diferentes no sistema de Luhman 16AB –
o mais próximo da Terra com presença de estrelas anãs, a 6,5 milhões de
anos-luz do nosso sistema. Eles encontraram evidências de clima em
apenas metade delas.
"As tempestades em estrelas marrons são
muito mais violentas e variáveis", diz Aren Heinze, da Stony Brook
University, de Nova York. "A chuva é quente demais para virar água.
Provavelmente se trata de ferro derretido e silicatos (areia). Na
medida em que os astros giravam ao redor do próprio eixo, os astrônomos
observaram mudanças no brilho da superfície – sinais da existência de
nuvens.
"Isso faz de nós 'astro-meteorologistas'. Nós
conseguimos prever quão encoberto o tempo ficará, qual será a
temperatura e quanto vento haverá em um determinado dia", disse
Burgasser. Os ventos detectados possuem velocidades de 160 a 640
quilômetros por hora. As temperaturas alcançam 1,2 mil graus e há nuvens
cobrindo metade da superfície do planeta. Uma nuvem chega sozinha chega
a cobrir 20% da estrela. Astrônomos a compararam com a Grande Mancha de
Júpiter, uma gigantesca tempestade que cobre 1% do planeta. Ao que tudo
indica, a Grande Mancha Vermelha não é tão grande assim", diz
Burgasser.
Hubble caça as primeiras galáxias do Universo
Imagem do projeto Frontier Fields feita com o Hubble revela algumas das galáxias mais antigas do Universo
Cientistas do mundo todo estão usando o Telescópio Espacial Hubble para
tentar observar as primeiras galáxias do Universo. Os resultados
iniciais do projeto, chamado The Frontier Fields (Os Campos da
Fronteira), foram apresentados nesta terça-feira, durante a reunião
anual da Sociedade Astronômica Americana, em Washington. Para que se
tenha uma ideia do tamanho do avanço, as galáxias observadas agora são
20 vezes menos brilhantes do que as mais discretas vistas até então.
Elas remontam a épocas anteriores a 12 bilhões de anos atrás. Em
comparação, estima-se que o Big Bang — evento que teria dado origem ao
Universo — aconteceu há cerca de 13,8 bilhões de anos. Para obter esse
alcance sem precedentes, os pesquisadores combinaram o poder de
observação do Hubble com um estranho fenômeno descrito pela teoria da
relatividade geral de Albert Einstein: as lentes gravitacionais.
LUPAS NO ESPAÇO
Calma, não se apavore. É mais simples do que parece. A grande revolução
da teoria de Einstein foi mostrar que objetos com massa, como a Terra
ou o Sol, fazem o espaço ao redor deles se curvar. Isso significa que,
ao passar de raspão pelo Sol, um raio de luz sofre um suave desvio de
sua trajetória original — exatamente como a luz que passa por uma lupa é
desviada, fazendo com que o objeto observado por ela pareça maior do
que é. Moral da história: os astrônomos podem usar objetos com bastante
massa (que geram bastante gravidade) como se fossem “lupas cósmicas”,
ampliando a imagem de outros astros que estão atrás deles. Para fazer
isso, o grupo internacional de astrônomos responsável pelo projeto
apontou o Hubble para um aglomerado de galáxias chamado Abell 2744, que
contém centenas de galáxias e está a 3,5 bilhões de anos-luz de
distância.
O objetivo não era estudar o aglomerado em si, mas
usar a gravidade combinada dele para ampliar a luz de objetos que
estivessem ainda mais distantes, atrás dele. Em astronomia, olhar para
as regiões mais distantes equivale a enxergar o cosmos como ele era
bilhões de anos atrás. Afinal, esse é o tempo para que a luz que saiu
desses objetos naquela época remota chegue até a Terra. Portanto, por
meio de estratégias como essa, os cientistas podem estudar como eram as
galáxias em seu estado mais primitivo. E o esforço aparentemente deu
certo. Foram reveladas aproximadamente 3.000 galáxias ao fundo do Abell
2744 que de outro modo não poderiam ser observadas. Ainda não se sabe,
contudo, se estamos diante das primeiras galáxias que se formaram no
Universo ou se outras mais antigas podem estar ainda mais longe, fora do
alcance de detecção atual.
“O Frontier Fields é um
experimento; podemos usar a incrível qualidade de imagem do Hubble e a
teoria da relatividade geral de Einstein para procurar pelas primeiras
galáxias?”, disse Matt Mountain, atual diretor do STScI (Instituto de
Ciência do Telescópio Espacial, órgão responsável pela administração do
Hubble). Em combinação com essas observações, serão feitas também
imagens similares com o Spitzer (que detecta infravermelho) e o Chandra
(que estuda raios X). Espera-se que a sobreposição de informações
permita estudar a evolução das galáxias do Universo bebê e compreender
como elas eventualmente evoluiriam para objetos como a nossa Via Láctea,
uma galáxia espiral que reúne cerca de 200 bilhões de estrelas, dentre
elas o Sol.
LONGA BUSCA
O Hubble já tem uma imensa
tradição na caça aos objetos mais distantes do cosmos. Foi com o chamado
“Campo Profundo do Hubble”, obtido em 1995, que essa saga começou. A
ideia, engendrada pelo astrofísico Robert Williams, então diretor do
STScI, era de uma simplicidade franciscana. Bastava apontar o telescópio
para uma região aparentemente vazia do céu e fazer exposições da mesma
área, durante dez dias seguidos, para colher o máximo de luz possível
daquele aparente vazio. Eis que a ideia deu resultado: em lugar do nada,
o Hubble registrou quase 3.000 galáxias distantes num pedacinho de céu
equivalente ao tamanho de uma bola de tênis observada a cem metros de
distância.
Nasceu ali o primeiro estudo sofisticado do
Universo primordial. O Campo Profundo do Hubble foi o primeiro esforço
nesse sentido, seguido pelo Campo Ultraprofundo do Hubble, obtido pelo
mesmo método, mas com uma câmera mais poderosa, em 2004. No ano
retrasado, foi obtido o Campo Profundo Extremo do Hubble, que representa
um pedacinho do Campo Ultraprofundo e revelou 5.500 novas galáxias, que
remontam a até 13,2 bilhões de anos atrás.
Telescópio mais sensível do mundo começa a mapear a Via Láctea em 3D
Telescópio Gaia custou 740 milhões de euros e viajou por três semanas
até atingir um ponto estável a 1,5 milhão de quilômetros da Terra
Com definição de um bilhão de pixels, sensores do satélite Gaia podem
medir com precisão, a partir da Lua, o dedão de uma pessoa na Terra
Foto: AFP
O telescópio Gaia,
que vai fazer o mais detalhado mapeamento da Via Láctea, entrou em
operação nesta quarta-feira. Lançado em 19 de dezembro a partir da base
da Agência Espacial Europeia (ESA) na Guiana Francesa, o equipamento de
740 milhões de euros vai fazer um mapeamento tridimensional de alta
precisão da galáxia. Trata-se do telescópio com maior sensibilidade já
construído. Seus sensores combinados atingem uma definição de um bilhão
de pixels. Isso permitiria medir com precisão, a partir da lua, o dedão
de uma pessoa na Terra.
A expectativa é que novos corpos
celestes, incluindo planetas fora do sistema solar, possam ser
identificados. Os dados prometem trazer mais pistas sobre a origem e a
evolução do universo. A empresa Astrium, que construiu o telescópio,
explica que boa parte de sua estrutura é feita de carbeto de silício, um
material cerâmico muito leve e durável. Ele suporta variações térmicas
amplas e assegura o bom funcionamento em baixas temperaturas, como os
110 graus Celsius negativos que o telescópio precisa enfrentar. Placas
de transmissão de dados em alta velocidade farão o envio das informações
à Terra.
As imagens serão capturadas simultaneamente por duas
estruturas e direcionadas a uma mesma câmera. O novo telescópio está em
orbita a 1,5 milhão de quilômetros da Terra e, em sua órbita, leva 180
dias para dar uma volta ao planeta. A estação espacial internacional
ISS, por exemplo, faz seu giro em torno do planeta em 90 minutos. Para
eventuais ajustes de sua orbita ou posição, o equipamento conta com
propulsores de nitrogênio. Segundo o gerente de operações da aeronave,
David Milligan, essas correções são importantes para manter o sol
distante dos delicados instrumentos científicos do telescópio.
O equipamento vai passar agora por uma fase de quatro meses de ajustes.
Depois de calibrado, deve operar por cinco anos. Nesse período, devem
ser coletados dados de mais de um bilhão de estrelas, com o mapeamento
de suas posições e movimentos, temperatura, luminosidade e composição.
De acordo com a ESA, para garantir a precisão dos dados, cada estrela
deverá ser observada cerca de 70 vezes. O volume de dados deve
ultrapassar um milhão de gigabytes, o que equivale a cerca de 200 mil
DVDs de informação.
Recém-descoberto planeta tem massa da Terra mas é gasoso
Impressão de artista de KOI-314c, o planeta mais leve até à data com a
sua massa e tamanho físico medido. Tem a mesma massa que a Terra, mas é
60% maior em diâmetro.Crédito: C. Pulliam & D. Aguilar (CfA)
Uma equipe internacional de astrónomos descobriu o primeiro planeta com
a massa da Terra que transita, ou passa em frente, da sua estrela-mãe.
KOI-314c é o planeta mais leve a ter a sua massa e tamanho físico
medido. Surpreendentemente, embora o planeta tenha a mesma massa que a
Terra, é 60% maior em diâmetro, o que significa que deve ter uma
atmosfera gasosa muito espessa. Este planeta pode ter a mesma massa que a
Terra, mas certamente não é como a Terra," afirma David Kipping do
Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica (CfA), autor principal da
descoberta. "Prova que não existe uma linha divisória clara entre os
mundos rochosos como a Terra e os mundos de água ou gigantes gasosos."
Kipping apresentou ontem a sua descoberta durante uma conferência de
imprensa da 223.ª reunião da Sociedade Astronómica Americana. A equipe
obteve as características do planeta usando dados do telescópio Kepler
da NASA. KOI-314c orbita uma anã vermelha ténue localizada a
aproximadamente 200 anos-luz de distância. Completa uma volta a cada 23
dias. A equipa estima que a sua temperatura seja de 104 graus
centígrados, demasiado quente para a vida como a conhecemos.KOI-314c é
apenas 30% mais denso que a água. Isto sugere que o planeta está envolto
por uma atmosfera de hidrogénio e hélio com centenas de quilómetros de
espessura.
Poderia ter começado como um mini-Neptuno e perdido
alguns dos seus gases atmosféricos ao longo do tempo, fervidos pela
intensa radiação da sua estrela. É um desafio obter a massa de um
planeta tão pequeno. Convencionalmente, os astrónomos medem a massa de
um exoplaneta ao medir as pequenas oscilações da estrela induzidas pela
gravidade do planeta. Este método de velocidade radial é extremamente
difícil para um planeta com a massa da Terra. O anterior detentor deste
recorde de menor massa medida (Kepler-78b) tem uma massa 70% superior à
da Terra. Para KOI-314c, a equipa contou com uma técnica diferente
conhecida como Variações no Tempo de Trânsito (TTV - Transit Timing
Variations).
Este método apenas pode ser utilizado quando mais
do que um planeta orbita a estrela. Os dois planetas exercem força um
sobre o outro, mudando ligeiramente os tempos em que transitam a sua
estrela hospedeira. "Em vez de olhar para a oscilação da estrela,
essencialmente olhamos para a oscilação de um planeta," explica o
segundo autor, David Nesvorny do Instituto de Pesquisa do Sudoeste
(Southwest Research Institute - SwRI). "O Kepler viu dois planetas que
transitavam continuamente em frente da mesma estrela. Ao medir com muito
cuidado os tempos dos trânsitos, fomos capazes de descobrir que os dois
planetas estão trancados numa dança intricada de pequenas oscilações,
fornecendo as suas massas."
O segundo planeta no sistema,
KOI-314b, tem mais ou menos o mesmo tamanho que KOI-314c mas é
significativamente mais denso, com cerca de 4 vezes a massa da Terra.
Orbita a estrela a cada 13 dias, o que significa que está numa
ressonância de 5 para 3 com o planeta exterior. O TTV é um método muito
jovem de descobrir e estudar exoplanetas, usado pela primeira vez em
2010. Esta nova medição mostra o poder potencial do TTV, particularmente
quando se trata de planetas de baixa-massa difíceis de estudar usando
técnicas tradicionais. "Estamos trazendo as Variações no Tempo de
Trânsito até à maturidade," afirma Kipping. O planeta foi descoberto por
acaso pela equipa enquanto vasculhavam os dados do Kepler, não em busca
de exoplanetas, mas de exoluas.
O projecto HEK (Hunt for
Exomoons with Kepler), liderado por Kipping, procura TTVs no tesouro
planetário do Kepler, que também podem ser sinais da presença de
exoluas. "Quando nos apercebemos que este planeta apresentava variações
no tempo de trânsito, a assinatura era claramente devida a outro planeta
no sistema e não uma lua. Ficámos desapontados ao início por não ser
uma lua, mas rapidamente apercebemo-nos que era uma medição
extraordinária," afirma Kipping.
Super-terras têm pouca semelhança com nosso planeta, dizem cientistas
Em conferência, astrônomos afirmam que nosso planeta é 'único'. Já
foram catalogados 3 mil exoplanetas com chance de vida extraterrestre.
Concepção artística de um exoplaneta passando perto de sua estrela (Foto: Nasa/ESA/G. Bacon)
Os astrônomos os chamam de super-terras e eles são abundantes fora do
nosso sistema solar, mas quanto mais os cientistas aprendem sobre eles,
mais nosso planeta parece um "estranho no ninho" quando comparado.
Acredita-se que planetas do tamanho da Terra ou até quatro vezes maiores
representem três quartos dos planetas candidatos a ter condições
favoráveis à vida descobertos pelo telescópio espacial Kepler, da
agência espacial americana (Nasa). Até agora, os astrônomos catalogaram
cerca de 3.000 destes planetas na esperança de que possam indicar a
existência de vida fora da nossa galáxia.
Mas especialistas
reunidos em um encontro da Sociedade Astronômica Americana nos arredores
de Washington afirmaram nesta segunda-feira (6) que embora os
exoplanetas sejam comuns, eles têm pouca semelhança com a Terra. "Nosso
sistema solar parece ser diferente. Todos estes planetas que a Kepler
descobriu são estranhos", disse Yoram Lithwick, da Universidade
Northwestern. "De 20% a 30% de todas as estrelas têm estes planetas
malucos", acrescentou.
Excesso de gás
Super-terras e
mini-Netunos que têm mais de duas vezes e meia o raio da Terra "devem
ser cobertos com montes e montes de gás, o qual é o resultado mais
surpreendente", afirmou Lithwick. Ele estudou cerca de 60 destes
planetas e descobriu que provavelmente eles se formaram "muito
rapidamente depois do nascimento de sua estrela, enquanto ainda havia um
disco gasoso ao redor da estrela". "Em comparação, acredita-se que a
Terra tenha sido formada muito depois de que o disco de gás
desapareceu", acrescentou. Não apenas muitos destes planetas são mais
quentes do que a Terra, com há uma quantidade de gás enorme cobrindo seu
núcleo rochoso resultando em pressão atmosférica extrema. "Aqui na
Terra seria como estar sob 10 oceanos", afirmou Geoff Marcy, da
Universidade da Califórnia em Berkeley.
Vida fora da Terra?
Consultado se seria possível encontrar vida nestas condições, Marcy
disse aos jornalistas ter feito a mesma pergunta a alguns de seus amigos
especialistas em biologia. Resumidamente, eles não têm certeza,
afirmou. "Não é impossível", estimou. 'Nós sabemos muito pouco sobre
como a vida começou e em quais ambientes pode florescer'. O telescópio
Kepler foi lançado em 2009 em uma missão de busca de planetas similares à
Terra ao observar seu trânsito ou ofuscamento diante da luz, à medida
que passam em frente a suas estrelas. Ele não está mais completamente
operacional, tendo perdido a tração em duas de suas quatro rodas de
orientação no ano passado, mas astrônomos esperam que consiga continuar
enviando observações limitadas de mundos distantes.
http://astronomy-universo.blogspot.com.br/
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