terça-feira, 14 de outubro de 2025

Servo da Sabedoria.



O EVANGELHO DA SABEDORIA

Sobre o Dinheiro, o Amor e o Espírito

Escrito por Sócrates Randinely, servo da Sabedoria


Dedicatória

Aos que buscam a verdade no silêncio do próprio coração.
Aos que compreenderam que toda posse é vã,
e que somente o amor permanece.
Aos que vivem com pouco, mas possuem o todo em paz.


Prólogo

O homem foi lançado entre a matéria e o espírito.
Entre o ouro e o amor, entre o desejo e a luz.
E desde então caminha, dividido entre possuir e ser.

O dinheiro é o sangue que move o mundo,
mas o amor é o sopro que dá vida ao universo.
Sem o primeiro, o corpo desfalece;
sem o segundo, a alma morre.

Este Evangelho é um espelho:
nele cada um verá aquilo que governa sua vida.
Que o sábio leia e desperte,
e que o tolo leia e aprenda.


Capítulo I — O Dinheiro e o Coração do Homem

O dinheiro é poder invisível que revela o estado da alma.
Ele amplia o que já existe: no justo, a bondade; no insensato, a ganância.

Não é o ouro que corrompe o homem,
mas o homem que corrompe o ouro quando o adora.

O dinheiro é bom quando serve,
mal quando governa.
Instrumento da vida, e não senhor da consciência.

Há ricos miseráveis e pobres grandiosos.
A medida da abundância não é a posse,
mas a serenidade.

O homem sábio usa o dinheiro como o marinheiro usa o vento:
não para se deixar levar, mas para navegar.


Capítulo II — O Amor como Caminho da Eternidade

O amor é o coração do cosmos.
Tudo o que vive, vive porque ama.
Tudo o que morre, morre por falta de amor.

O amor é o ouro do espírito —
incorruptível, silencioso, eterno.
É ele que sustenta o ser quando todas as certezas caem.

Amar é reconhecer a própria alma no reflexo de outra.
É ser dois e, ainda assim, permanecer um.

Quem ama não busca possuir, mas compreender.
Quem ama não exige, oferece.
Quem ama não prende, liberta.

O amor não é promessa nem contrato;
é respiração da eternidade no instante.
E toda alma que o conhece torna-se templo.


Capítulo III — O Poder e o Perigo da Riqueza

A riqueza é o fogo da terra: ilumina, aquece, destrói.
Não temas o ouro, mas o ardor que ele desperta.

A abundância sem sabedoria é ruína disfarçada.
E o acúmulo, quando nasce do medo, é apenas pobreza disfarçada de poder.

O homem que guarda tudo perde o essencial.
O que reparte conserva o infinito.

A generosidade é o verdadeiro comércio entre o céu e a terra.
Quem dá, recebe o invisível.
Quem retém, perde o que julga possuir.

A riqueza é bela quando alimenta a vida,
e maldita quando alimenta o orgulho.

Não há ouro que compre uma consciência em paz.
Não há fortuna que pague o preço da liberdade interior.


Capítulo IV — A Arte do Equilíbrio

Toda sabedoria é equilíbrio entre dois mundos.
Entre o corpo e o espírito, o trabalho e o repouso, o ouro e o amor.

Negar a matéria é negar o dom da criação.
Negar o espírito é trair a própria origem.

O equilíbrio nasce quando o homem aprende a usar o dinheiro para servir o amor,
e o amor para iluminar o uso do dinheiro.

Assim o ser se torna inteiro:
pés na terra, olhos no infinito.

A vida não pede renúncia absoluta,
mas ordem interior.
Quando o desejo obedece à verdade,
a paz se torna natural como o ar.


Capítulo V — A Riqueza do Espírito

A alma rica não teme o tempo.
Nada lhe falta, pois tudo o que é necessário vive dentro dela.

O verdadeiro tesouro não está nas mãos,
mas no olhar sereno, na palavra justa, no silêncio lúcido.

O homem que busca fora o que só dentro existe,
envelhece em vão.
O homem que encontra dentro o que fora não existe,
vive em eternidade.

O ouro se desfaz,
mas o gesto de amor permanece na memória do mundo.
As moedas se gastam,
mas a sabedoria é indestrutível.

Não é a fortuna que faz o espírito grande,
é o espírito grande que faz a fortuna justa.


Capítulo VI — O Testamento da Luz

E assim falou a Sabedoria:

O dinheiro é a sombra da matéria;
o amor, a luz do espírito;
e o homem, a ponte entre ambos.

Usai, portanto, o que é terreno para servir ao que é eterno.
Que o ouro seja vosso servo, não vosso senhor.
Que o amor seja vosso caminho, não vosso cárcere.

Sede simples nas posses e profundos nas relações.
Sede prudentes com o que passa e fiéis ao que permanece.
Sede ricos de espírito, ainda que pobres de mundo.

Pois no fim, nada levareis senão o que amastes.
O ouro voltará ao pó,
mas o amor será vossa eternidade.


Epílogo

O homem busca o que já possui e foge do que já é.
A vida é o caminho de volta ao essencial.

O dinheiro é necessário à carne;
o amor, à alma;
a sabedoria, a ambos.

Tudo o que é exterior é empréstimo.
Tudo o que é interior é herança divina.

Vive, portanto, com simplicidade.
Age com justiça.
Ama com profundidade.
E o mundo te será leve.




FIM




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