Cada um é um... Cada outro é outro...Sofrer é um querer ser o outro. Impossível é que o outro seja um... Ninguém transforma ninguém. Compreendendo-se as diferenças entre um e outro, forma-se a identidade um-outro, Um carrega dentro de si o outro, Enquanto o outro leva um dentro de si. Assim, um- outro é mais saudável para resolver qualquer sofrimento porque não existe vida sem dor. Um-outro é a multiplicação do amor dos dois. Porque o amor ajuda a superar a dor. Um-outro amplifica a alegria e o bom humor, porque a felicidade ilumina o triunfo da sabedoria. AS CARACTERÍSTICAS PSICOSSOCIAIS FUNDAMENTAIS QUE CONSTITUEM A HISTÓRIA E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PENSADORES Para realizar o complexo, sofisticado e rico processo de formação de pensadores é necessário procurar conquistar e amadurecer as características psicossociais e as funções mais nobres da inteligência. 1. Procurar conhecer as origens da inteligência humana, seus limites, alcance, práxis. 2. Ter consciência de que pensar é um processo inevitável e impossível de ser interrompido, apenas direcionado. Saber que o mundo das idéias é a maior fonte de entretenimento natural do homem, todavia ela pode se transformar na maior fonte de terror emocional. Portanto, ê imperativo aprender a administrar o fenômeno do autofluxo e não permitir que ele gere idéias fixas de conteúdo negativo. 3. Aprender a pensar multifocalmente com liberdade e consciência crítica. Reciclar o fenômeno da psicoadaptação, objetivando romper a mesmice das idéias e libertar a criatividade. 4. Aprender a gerenciar os pensamentos e emoções. Resgatar a liderança do eu nos focos de tensão psicossocial. 5. Aprender a pensar antes de reagir. Respeitar a sua própria inteligência e a inteligência do outro. Não permitir que o fenômeno da autochecagem feche o território de leitura da memória. 6. Desenvolver a arte da pergunta, ter consciência da ditadura da resposta e de que cada resposta é o começo de novas perguntas. 7. Desenvolver a arte da dúvida e a utilizar como princípio da sabedoria: duvidar de si mesmo, dos seus paradigmas socioculturais, de sua rigidez intelectual e das convenções do conhecimento. 8. Desenvolver a arte crítica. Criticar com liberdade a si mesmo e ao mundo que o circunda. Usar a arte da pergunta e da dúvida como trilhos da arte da crítica. 9. Aprender a se proteger emocionalmente filtrando os estímulos estressantes e trabalhando as contrariedades existenciais. 10. Executar o trabalho intelectual como um empreendedor criativo, dinâmico, flexível, seguro. 11. Ter prazer nos desafios intelectuais, sociais e profissionais. Não permitir que o medo trave a capacidade de pensar, impeça a leitura ampla da memória. 12. Aprender primeiramente a ser um líder de si mesmo para depois liderar a outros. 13. Estabelecer metas existenciais, intelectuais e socioprofissionais. 14. Procurar conquistar a disciplina, a paciência e a perseverança como jóias preciosas da inteligência para atingir suas metas. 15. Analisar as variáveis para atingir seus objetivos e procurar prever as intempéries e os obstáculos que surgirão. 16. Trabalhar as dores, perdas, frustrações e utilizá-las como alicerces da maturidade da inteligência. 17. Reconhecer e repensar com inteligência e dignidade as fragilidades, os erros, os fracassos e as limitações. Ter consciência de que um sábio não é aquele que nunca erra e fracassa, mas aquele que amadurece diante deles. 18. Refletir sobre a temporalidade e fragilidade da vida humana e procurar dar um sentido mais nobre para a existência. 19. Desenvolver a arte da contemplação do belo não apenas diante dos grandes eventos da existência, mas principalmente diante dos pequenos estímulos da rotina diária. 20. No binômio entre o "ter" e o "ser", optar pelo "ser" sem abandonar o "ter". 21. Conseguir distinguir os princípios da "matemática da emoção" dos princípios da matemática financeira. "Ter não é premissa fundamental para ser", é possível ter pouco e até ser pobre e, ao mesmo tempo, ser um poeta da existência. 22. Ser um amante da honestidade intelectual: Criticar a simulação e a omissão. Ser fiel ao seu pensamento. 23. Vacinar-se contra a paranóia de ser o número 1 e contra a competição selvagem, desumanística e desinteligente. Assumir sua condição psicossocial com dignidade e procurar expandir suas possibilidades intelectuais. 24. Valorizar as relações sociais e procurar ser um agente social, mas não gravitar em torno do que os outros pensam de nós. 25. Aprender a se colocar no lugar do outro e perceber suas dores e necessidades psicossociais. 26. Aprender a se doar psicossocialmente sem esperar a contrapartida do retorno. 27. Aprender a expor e não impor as idéias. Ter consciência de que um verdadeiro líder expõe suas idéias, pois sua força está na sua inteligência, mas uma pessoa autoritária as impõe, pois sua força está nas mais diversas formas de agressividade. 28. Aprender a apreciar a inteligência do outro e procurar estimulála, provocá-la, promovê-la. 29. Procurar realizar o debate de idéias com as pessoas circundantes (alunos, funcionários, amigos, familiares) procurando compreender o alcance de suas idéias, respeitá-las e utilizá-las. 30. Aprender a arte de ouvir. Ouvir aberta e despreconceituosamente o outro e não ouvir apenas o que se quer ouvir. 31. Valorizar o processo de construção de um produto (conhecimento, obra de arte, produto industrial, meta profissional) tanto ou mais do que o próprio produto. 32. Procurar conhecer e desenvolver o humanismo a partir do processo de construção de pensamentos, das origens da inteligência. 33. Procurar conhecer a democracia das idéias e seus amplos aspectos psicossociais. Aprender a respeitar a cultura do "outro" e a apreciar a diversidade de pensamentos. 34. Ter consciência de que tanto as mais diversas formas de discriminação quanto a supervalorização de uma pequena minoria de intelectuais, líderes sociopolíticos, artistas, etc, são procedimentos desinteligentes e desumanísticos, são faces opostas da mesma doença da interpretação. 35. Ter uma visão multifocal da espécie humana e da teoria da igualdade a partir do conceito do humanismo e da democracia das idéias. 36. Expandir o mundo das idéias através do uso das artes da inteligência (a arte da pergunta, dúvida, crítica, observação, análise multifocal) e o caos intelectual. Usar o caos intelectual tanto para evitar as contaminações do processo de interpretação como para expandir as possibilidades de construção do conhecimento. 37. Vacinar-se contra o autoritarismo das idéias e a ditadura do discurso teórico produzidos conscientemente pelo "eu", pois eles engessam a inteligência, esgotam as possibilidades do conhecimento e estabelecem a ditadura da verdade na Psicologia, na Filosofia, nas Ciências Naturais, na Política, na Economia, etc. Ter consciência de que a verdade científica e sociopolítica é inesgotável e inalcançável. 38. Vacinar-se contra os três tipos de ditaduras inconscientes ocorridas nos bastidores da construção de pensamento: a ditadura do preconceito, a ditadura da emoção e a ditadura do deslocamento dos territórios de leitura da memória. 39. Ter consciência básica de que o Homo sapiens é um Homo interpres micro e macrodistinto a cada momento existencial e de algumas variáveis que participam do processo de interpretação. 40. Aprender a gerenciar com maturidade a inevitável transformação da energia emocional e a incontida revolução da construção dos pensamentos. 41. Produzir um clima de cooperação no ambiente social e socioprofissional através da práxis, do humanismo e da expressão das artes da inteligência e não através da pressão social ou da imposição das metas e das idéias. 42. Ser capaz de fazer com que as pessoas que o circundam penetrem em seus sonhos e seus projetos intelectuais e socioprofissionais, motivando-as a se engajarem neles. 43. Ter mais prazer no trabalho em grupo, na cooperação social e no exercício da cidadania do que na busca, da notoriedade e do estrelismo individual. 44. Aprender a se colocar como um "eterno" aprendiz na "curta" trajetória existencial humana. Vacinar-se contra a síndrome da exteriorização existencial, contra ser um passante existencial, alguém que transita pela vida sem criar raízes dentro de si mesmo. 45. Aprender a falar não apenas do mundo extrapsíquico, mas também a falar de si mesmo e trocar experiências existenciais. 46. Balizar com sabedoria tanto a segurança em suas atividades sociais como a arte da dúvida e da crítica direcionada aos fundamentos dessa segurança. 47. Aprender a trabalhar o caos emocional e social e usá-los para expandir as possibilidades de construção psicossocial. 48. Ser um poeta existencial, um garimpeiro de idéias, que procura intensamente o enriquecimento intelectual. 49. Ter consciência de que qualquer pessoa sabe viver bem nas primaveras da vida (os sucessos, os apoios, as condições psicossociais favoráveis), mas só os sábios aprendem a conquistar a dignidade e a sabedoria em seus invernos existenciais (as perdas, os fracassos, os recuos, as contrariedades, as dores psicossociais). 50. Procurar ser um engenheiro de idéias que atua com consciência crítica, como agente construtor da sua história intrapsíquica personalidade) e social.. Um engenheiro de idéias que procura desenvolver as características mais nobres da inteligência. O mestre da escola da vida gostava de ser chamado de "filho do homem", apreciava expressar sua humanidade com naturalidade e inteligência, enquanto, paradoxalmente, muitos daqueles que o circundavam e dos que hoje o seguem gostam e enfatizam os espetáculos sobrenaturais. Um pensador é, antes de tudo, alguém que procura, em tudo o que faz e crê, respeitar a sua própria inteligência, ser fiel aos seus pensamentos e desenvolver a consciência crítica. Alguém que procura ser um inspirado e sensível poeta da existência na sofisticada e turbulenta vida humana, mesmo quando se frustra, fracassa ou atravessa seus áridos desertos.
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