sexta-feira, 16 de junho de 2023

Filosofia !

 Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.  


Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto.

Amor ?

 O amor não é genético, não se nasce sabendo amar. Você aprende a amar. Ele não é um produto acabado, você precisa cultivá-lo.


O amor não é um produto acabado. O amor se cultiva, o amor se lapida, o amor se estimula.

domingo, 19 de março de 2023

Eu gosto de ser diferente

 "Porque eu sou do tamanho daquilo que  sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam." 


Feliz daquele que, no fim do dia, consegue ouvir os aplausos da sua própria consciência. 


"Eu gosto de ser diferente


afinal de copias o mundo já está cheio.    


"A filosofia é um caminho árduo e diffell, mas pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade,"


Nunca confunda conhecimento com sabedoria. Você pode ter um doutorado e mesmo  assim ser um idiota! 


Feliz daquele que, no fim do dia, consegue ouvir os aplausos da sua própria consciência.


"As mulheres que são Capazes de mudar o mundo não precisam mostrar Nada além da sua Inteligência..."


A parte mais intima de uma Mulher não a terás quando a despires, mas quando a souberes escutar.

terça-feira, 14 de março de 2023

Lou Andreas Salomé

 Lou Andreas Salomé 

 O amor é uma ocasião ⚘


"A vida humana, ah!

A vida, sobretudo, é poesia.

Inconscientes, nós a vivemos, dia a dia.

Passo a passo –

mas em sua intangível plenitude

ela vive e nos traduz em poesia"

ANDREAS-SALOMÉ, L. 


A mulher,  intelectualidade - feminilidade e sensibilidade 


Salomé nasceu em S. Petersburgo no ano 1861, como Louise von Salomé. Existem abordagens de seu estilo de vida e personalidade sob vários ângulos, principalmente sobre seu lugar na vida dos homens com os quais ela se relacionou. 


Antes da psicanálise


Salomé faleceu aos 76 anos na cidade de Gottingen, onde viveu com seu marido Prof. Andreas. Poucos dias após sua morte, um caminhão com soldados da Gestapo parou em sua porta e recolheu todos os livros de sua biblioteca, com o argumento de que ela era psicanalista – uma ciência judaica – por ter sido colaboradora e amiga íntima de Sigmund Freud e por sua biblioteca estar cheia de livros de autores judeus.


Salomé era bela e voluntariosa. e Segundo sua amiga íntima Hélène Klingenberg, seus olhos azuis eram tão brilhantes que “Quando Salomé entra numa sala, era como se o sol tivesse aparecido”. Lou era chamada de “a feiticeira de Hainberg” pelas mulheres que moravam em Göttingen, por viver afastada da cidade, não frequentar as reuniões universitárias e viajar sozinha com outros homens enquanto casada com Prof. Andreas. Uma mulher comparada à lua pelas suas múltiplas faces.


Para sua época Lou pode ser considerada amoral não só devido a sua vida amorosa pouco usual, mas também pelos relatos e descrições sobre ela em que parece não existir o sentimento da transgressão, mas de ser coerente com seus sentimentos e suas ideias.


Alguns de seus críticos a consideravam impassível à felicidade ou à devastação que sua passagem e sua relação podiam provocar nos outros, como uma indomável e poderosa força da natureza, demoníaca, primitiva e sem fraquezas femininas. Porém, seus amigos discordavam dessa abordagem de Lou: para eles, ela era generosa, humana, despretensiosa com riso contagiante e espírito desarmante.


Lou resumiu sua vida da seguinte forma: “Sinto-me à vontade na felicidade”. Essa teimosia em ser feliz a fazia ser diferente. Uma persistência na busca do prazer indiferente ao meio a sua volta, como os felinos.


No primeiro Lou se refere ao amor como união, já que em toda criação jorra amor, e todo amor é ato criador e se relaciona com o amor que o criador tem por si. Amar é conhecer alguém que colore todo o mundo à sua volta, todas as coisas. Para o amor permanecer, há que manter a liberdade individual e não contaminá-lo com a ferocidade sexual. Muitos, quando amam, tendem a incluir o outro em seu universo ou entrar no universo do outro. Ocorre a morte da criação. Por isso, quando as pessoas se separam após um longo período juntas, elas florescem, porque o nós não foi capaz de carregar o eu. Ninguém suporta comer todos os dias a mesma comida mesmo sendo a mais requintada. Vai acabar em tédio. Assim, os dois amantes nunca devem procurar se conhecer perfeitamente.


Quanto ao erotismo, Salomé considerava difícil de ser conciliado com a fidelidade, já que a sexualidade implica um sinal de ascensão para conexões vitais ainda mais amplas. Por isso, a vida erótica natural funda-se no princípio da infidelidade.


Nessas produções Salomé discorre sobre arte, religião, sociedade, a mulher, maternidade, masculino e feminino, trabalho intelectual, união dos amantes. Todos os temas analisados pela sua ótica de amor e erotismo traduzem sua forma de encarar a vida, os amores, o trabalho. Essas duas obras encarnam o estilo de vida de Lou Andreas-Salomé. Quando ela se aprofundou na psicanálise, passou a usar os conceitos na sua visão de mundo, que se manteve inalterada. Foi essa percepção do amor e erotismo que guiou sua vida com os homens.


No Congresso de 1911 havia 55 participantes. Ao ser apresentada a Freud, ele achou graça no entusiasmo quase infantil de Salomé. Enquanto iam conversando, Freud foi ficando intrigado com aquela mulher – da qual já ouvira falar – pela sua insistência em ser otimista e alegre.


Inquirida por Freud sobre o motivo por que se dedicar com tanta intensidade à Psicanálise, Lou respondeu: (a) um interesse objetivo, (b) encontrar-se diante de uma ciência em gestação; e (c) a satisfação íntima que disso decorre.


Após o Congresso Salomé solicita fazer parte da reunião das quartas e, com a aquiescência de Freud, ela chega a Viena em 1912, num momento de dissidências. Foi bem aceita pelo grupo e ficava em silêncio, ouvindo e tricotando, levando Freud a desconfiar de que ela não entendia a profundidade dos conceitos elaborados, mas no momento seguinte se espantava com suas articulações e sínteses aprofundadas, até se referir a ela como a “mais dedicada dos intèrpretes”, “a poeta da psicanálise”, aquela cuja inteligência Freud adjetivou como demoníaca


A autora parte da sexualidade, do ponto de vista mais fisiológico, para descrever a base do erotismo, e depois vai estabelecendo relações entre este e a arte, a religião, a sociedade. Desenvolve também as vicissitudes do erotismo na mulher e na maternidade.


Ao longo do tempo Salomé foi emergindo como grande “entendedora” da metapsicologia freudiana. Vista por alguns como a “mãe da psicanálise”, seus escritos contêm otimismo e amor à vida se centrando na sexualidade feminina, no amor,


Lou se dedicou à psicanálise com a mesma intensidade e paixão com que se dedicou a tudo o mais em sua vida. Atendia uma média de dez pacientes por dia e todo tipo de perturbação psíquica! Após uma gripe forte que a fez perder cabelo, sente-se envelhecida, doente, e Freud a convida a estar com ele em Viena. Ela aceita e nessa viagem torna-se amiga de Ana e confidente do velho Freud. Depois que retorna a sua cidade Freud lhe escreve, em novembro de 1912: “[...] gosto de fixar meu olhar em alguém [quando falo], ontem fixei meu olhar, como se estivesse enfeitiçado no lugar que lhe era reservado.

A primeira publicação de Lou na Imago IV foi O anal e o sexual (1916).


Sobre o erotismo anal em O anal e o sexual (1916), Salomé analisa que é um ensaio para o erotismo genital e reproduz a luta entre desejo e prazer. A proximidade física entre ânus e genitália significa que no ato sexual a morte (território dos excrementos) é transmitida pelas forças da vida e da reprodução. O erotismo anal se relaciona à importância dos primeiros anos de vida .


Freud  cita seu trabalho numa nota de rodapé de 1920 nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, no item sobre atividades masturbatórias da zona anal.


Para Salomé, o período anal se liga à “alegria criadora”, na medida em que representa uma tentativa de unificação entre o eu e o mundo que existia antes do primeiro recalcamento da libido, quando o mundo em redor considerou “ruins” as fezes, que deviam ser tratadas de forma desprezível. As mudanças e as renovações da vida estão ligadas a esse período, um devir que pode se separar de si mesmo, se transformar em eliminação e atrair o estranho, transformando-se novamente em si mesmo. Liga prazer/defecação e futuro/transitoriedade com analidade. Relaciona a posse do objeto de paixão com a relação inicial com excrementos.


Outro conceito sobre o qual Salomé se debruçou foi o narcisismo, para ela muito além do “amor a si mesmo”. Lou tinha muito cara a si a ideia de comunhão com o mundo, alegria de viver, estar ligada a todas as coisas viventes e não viventes. O narcisismo é um conceito limite, tem dupla função: é o reservatório, o substrato de todas as manifestações do psiquismo, incluindo a mais individualizada e sutil, como também de toda recaída, toda tendência à regressão. A tarefa da psicanálise, específica, como se refere Lou, é aprofundar no fundo narcísico para travar combate com o patológico, com formações regressivas, para liberar a energia vital criadora.


Na relação amorosa, quanto mais intensa e exclusiva, mais existe o combate para afirmação do eu, já que há uma ameaça sobre a conservação do eu. Na análise da interdependência do amor e do ódio, Salomé analisa que, para o homem que odeia no sentido pulsional, não basta destruir, ele também usufrui do sofrimento do outro. Torturar a quem não se ama mais é angustiante e desvia de outros objetivos, só quando há atrativo erótico que a crueldade é despertada, surgindo a pulsão do poder e fazendo disso um meio de alegria.


Sobre a pulsão de morte analisa o seu positivo: que a vida vale a pena, apesar de qualquer falta de ilusão a respeito.


O amor sexual, a criação artística e o fervor sexual estão ligados a uma mesma força vital. Para Lou o amor sexual é belo e perigoso, portanto não devemos esperar que dure. Deve-se usar dele como uma grande forçca regeneradora como ela fez, satisfazendo seus desejos eróticos e produzindo, produzindo, produzindo. Hoje temos estudos sobre o narcisismo, o objeto narcisado, a metapsicologia do recalque e o comprometimento decorrente de seu excesso, estudo sobre ideais e sublimação. Lendo as obras dos pioneiros, percebemos as sementes de estudos futuros. Nesse pensar incluo obras de Lou Andreas-Salomé.


 Velhos ou novos paradigmas ?


“(…) para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento, cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo por si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser: é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamamento para longe.”

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Friedrich Nietzsche !!

 O filósofo alemão Friedrich Nietzsche.

Friedrich Nietzsche foi um filólogo (estudioso de línguas clássicas, como o latim e o grego antigo), poeta e filósofo alemão contemporâneo, autor de uma vasta e polêmica obra. Seus livros deixaram os primeiros indícios do surgimento da filosofia contemporânea. Nietzsche dedicou-se a estudar a moral judaico-cristã e operou uma espécie de comparação das sociedades antes e depois do cristianismo, tendo classificado este como o fator central do enfraquecimento do ser humano na era moderna. Nietzsche pode ser considerado um autor cuja vida e biografia influenciaram a produção e recepção de sua obra.


Leia também: Hannah Arendt: vida e obra da filósofa judia que teorizou o totalitarismo


Biografia


Em 15 de outubro de 1844, nasceu Friedrich Wilhelm Nietzsche no vilarejo de Röcken, na então Prússia (hoje Alemanha). Filho de pastor luterano, seu pai morreu cinco anos após o seu nascimento, deixando a mãe viúva com três filhos para criar. Vai para Naumburg com a sua família por questões financeiras, onde passa toda a sua infância. A sua formação teve como base uma educação rígida e os princípios luteranos. Por motivos financeiros, em sua adolescência, porém, o filósofo começa a traçar os primeiros questionamentos acerca da religião.


Quando criança, Nietzsche mostrava-se diferente dos seus colegas, apresentando um rigor com os estudos e um comportamento de severo autocontrole. Ainda na infância, o filósofo começou a sofrer sérios problemas de saúde jamais diagnosticados com precisão e que o acompanhariam por toda a sua vida. Problemas de visão que o levaram à cegueira quase total no fim de sua vida e dores de cabeça muito fortes acompanharam-no durante muito tempo e debilitaram muito a sua saúde.


Aos 14 anos de idade e por seu desempenho notável, Nietzsche ganhou uma bolsa de estudos na Escola de Pforta, tradicional colégio alemão. Nessa instituição Nietzsche aprendeu latim e grego. Por meio de seus estudos, também começou a questionar os ensinamentos cristãos.


Ao terminar os estudos básicos, o filósofo começou os estudos em teologia na Universidade de Bonn, por influência de sua mãe. Logo ele muda de curso, contrariando-a, transferindo-se para os estudos de filologia e voltando-se para o idioma grego. Em Bonn conhece o professor Friedrich Wilhelm Ritschl, que o estimulou ao estudo das tragédias gregas e apresentou-o à filosofia do alemão niilista e pessimista Arthur Schopenhauer.


Nietzsche aos 18 anos de idade.

Nietzsche aos 18 anos de idade.

Em 1867 o pensador foi convocado pelo exército alemão para servir na Guerra Franco-Prussiana, atividade que, para a sorte de Nietzsche, durou pouco, devido a um acidente. Mais tarde, já em 1870, ele cumpre o serviço como enfermeiro, o que o leva a contrair difteria. Especula-se que a difteria e o seu tratamento, feito na época com medicamentos para náusea e o ópio, teriam contribuído para uma piora no quadro de saúde geral do filósofo.


Dois anos depois, aos 24 anos de idade, Nietzsche foi nomeado professor de filologia clássica da Universidade da Basileia, na Suíça, devido à sua carreira universitária brilhante. Ele foi na época o mais jovem a conseguir esse cargo. Com base em suas pesquisas no campo filológico e com a influência das leituras do filósofo Arthur Schopenhauer e do músico alemão Richard Wagner, pessoa por quem Nietzsche mantinha uma amizade próxima e um verdadeiro sentimento de admiração, o filósofo escreve a sua primeira obra em 1871, intitulada O nascimento da tragédia.


O laço estreito com Wagner mantém-se a ponto do filósofo frequentar a casa do amigo e manter uma relação estreita com o músico e sua esposa, Cosima Wagner. Em 1876, no entanto, Nietzsche rompe a amizade por discordâncias intelectuais, políticas e musicais que vieram à tona após a organização de Wagner de um evento em celebração de sua obra, o Festival de Bayreuth.


Nietzsche achou o projeto wagneriano demasiadamente nacionalista e uma espécie de massificação cultural da música, que Nietzsche sempre considerou, até então, a expressão mais genuína da cultura alemã. Nesse período, ele também abandona a leitura de Arthur Schopenhauer por considerá-lo demasiadamente pessimista e negador da vida que, quando fortalecida, levaria o ser humano à sua plenitude, segundo Nietzsche.


Arthur Schopenhauer fez parte dos estudos de Nietzsche em sua juventude.

Arthur Schopenhauer fez parte dos estudos de Nietzsche em sua juventude.

Entre 1872 e 1876, Nietzsche escreveu a sua série de livros chamados de Considerações intempestivas, composta por quatro volumes: “David Strauss, o confessor e o escritor”; “Sobre a utilidade e a desvantagem da história para a vida”; “Schopenhauer como educador”; “Wagner em Bayreuth”.


Nesse período também escreveu A filosofia na era trágica dos gregos (livro incompleto e publicação póstuma) e Sobre a verdade e a mentira em um sentido extramoral (publicação póstuma). Todos os sete livros escritos até 1876 compreendem a fase chamada pelos estudiosos de “juventude da obra de Nietzsche”.


Em 1878, o filósofo publicou Humano, demasiado humano, a sua primeira obra escrita em aforismos, estilo que marcou a escrita nietzschiana. Os aforismos são sentenças curtas que possuem um significado próprio em seu interior, dispensando grandes argumentações. O estilo aforismático era o que Nietzsche podia fazer devido à sua doença, pois não requeria muitas horas de grande esforço intelectual, sendo uma escrita fácil para o autor, que podia interromper a atividade a qualquer momento sem grandes prejuízos.


No ano seguinte, devido a agravos dos seus problemas de saúde, Nietzsche pediu demissão da Universidade da Basileia com aposentadoria. Foi concedida a ele uma pensão no valor de quatro mil marcos por serviços prestados à comunidade, o que não era muito, mas permitiu um estilo de vida simples e errante que o acompanhou até 1889.


Na busca por tratar seus problemas que não eram corretamente diagnosticados por médicos, Nietzsche começou a agir por conta própria, fazendo dietas rigorosas e duvidosas, e viajando como um nômade, a fim de evitar os invernos rigorosos. No inverno partia para localidades do sul da Europa, e no verão ia para o norte.


Entre os seus locais de viajante nômade, figuram os preferidos: Sils-Maria, na Suíça, durante o verão, e Turim, na Itália, durante o inverno. Ele buscava regular a sua saúde com base no clima e na alimentação, além de ter tentado a cura, ou talvez apenas o alívio de seus sintomas, com drogas, como o ópio e o haxixe, o que pode ter agravado seus problemas de saúde e o levado a um quadro mental debilitado.


Em 1881 Nietzsche publicou Aurora, e um ano depois publicou A gaia ciência, ambos escritos em aforismos. Essas obras de escrita aforismática produzidas entre 1878 e 1882 compreendem a “fase intermediária do pensamento de Nietzsche”. Nesse momento, o filósofo defronta-se com a questão do nacionalismo, posição política a que ele se colocou absolutamente contrário.


Também em 1882, conheceu o psicólogo Paul Rée, amigo que o apresentou à intelectual feminista russa Lou Andreas Salomé. Nietzsche apaixona-se por Salomé e pede-a em casamento. O pedido foi negado por três vezes, e Nietzsche sofre emocionalmente. Ainda no mesmo ano, ele corta as relações com Salomé e Rée. Além disso, o filósofo começa a redigir a obra que seria mais lida e comentada pelo seu público, o livro Assim falou Zaratustra. Em 1885, Nietzsche inicia o projeto da escrita do que ele chamou de Vontade de poder, que seria a sua obra magna.


Salomé, à esquerda, Paul Rée, ao centro, e Nietzsche, à direita.

O filósofo, em 1886, escreve e publica o seu primeiro grande estudo acerca da moralidade, o livro Além do bem e do mal. No ano seguinte, aprofundando no tema sobre a moralidade, o filósofo escreve Genealogia da moral. Ainda em 1887, ele começa a redação de O anticristo, texto publicado em 1888, mesmo ano de publicação de Crepúsculo dos ídolos e Ecce homo. Nessas últimas publicações, Nietzsche já se encontrava afetado pela doença mental, tendo surtos, fortes dores e problemas diversos.


No ano de 1889, em Turim, Nietzsche teve um ataque de nervos ao ver um cavalo ser chicoteado por seu dono, correndo para proteger o animal. Aí começaria um colapso mental que o impossibilitaria de levar a vida intelectual que tinha até a sua morte. Hoje, as especulações de biógrafos apontam que os sintomas vividos por Nietzsche eram resultado de uma sífilis não tratada, que atingiu o sistema nervoso central e pode ter sido agravada pela dieta pobre e pelo uso de haxixe e ópio. Nesse mesmo ano, o filósofo ficou completamente incapacitado para qualquer atividade, tendo vivido sob os cuidados de sua mãe e de sua irmã.


A irmã de Nietzsche, Elizabeth Föster Nietzsche, era assumidamente antissemita. Casada com um propagador dos ideais antissemitas, ela passou a tomar conta dos manuscritos e da produção intelectual de seu irmão. Elizabeth Nietzsche editou arbitrariamente os manuscritos de seu irmão, e publicou por conta própria uma versão montada por ela da obra Vontade de poder.


A obra editada pela irmã possuía caráter antissemita, algo que Nietzsche achava horrível quando ainda estava bem de saúde. Mais tarde, Elizabeth conheceu Hitler pessoalmente e passou a ele várias informações acerca da obra de seu irmão, quando este já estava morto.


Por uma interpretação marcada pelas fraudes de sua irmã, Nietzsche tornou-se uma espécie de mentor intelectual do nazismo, imagem que somente foi desconstruída quase 50 anos depois, com os estudos de Giorgio Colli e Mazinno Montinari, que resultaram na edição e publicação da obra completa do filósofo alemão.


Em 1900, após onze anos de uma vida improdutiva e quase vegetativa, Nietzsche falece aos 56 anos de idade.


Acesse também: O nazismo era de esquerda ou de direita?


Principais ideias

A vasta produção de Nietzsche é composta de várias ideias, impossíveis de serem esgotadas em um único texto. No entanto, alguns temas centrais aparecem como norteadores para entender o seu pensamento, os quais, para facilitar a compreensão, devem ser dispostos de acordo com a cronologia da sua obra dividida pelos estudiosos em três grandes momentos: juventude, período intermediário e maturidade.


Obra de juventude


Amigo de Nietzsche, o músico alemão Richard Wagner teve grande importância em sua obra da primeira fase.

Nietzsche estava sob forte influência da filosofia de Schopenhauer e da música de Wagner. Devido ao seu trabalho com a filologia grega, o filósofo ficou imerso no estudo das tragédias gregas, sua elaboração e sua constituição. Aqui ele enxerga na cultura grega pré-socrática uma cultura autêntica, ainda não contaminada pela racionalização imposta por Sócrates e livre da moral judaico-cristã.


Leia também: Cinismo: filosofia não sistemática baseada na libertação das convenções sociais


Obra intermediária

Nesse período, as principais influências ao pensamento filosófico vêm da política bismarckista de unificação alemã (a Alemanha consistia em vários impérios diferentes e o estadista Otto von Bismarck foi o responsável por unificar todo o território germânico). Nietzsche era contra a formação de um Estado-nação alemão, pois, para ele, somente a cultura garantiria o desenvolvimento humano, e não a força de um Estado e da guerra. Nietzsche mostra-se nesse momento como um antinacionalista.


Conceitos como grande política e pequena política (que tratam especificamente do modo de agir politicamente de um país e de grupos políticos) aparecem. Também a sua ideia de morte de Deus (presente no aforismo 135 de A gaia ciência) vem como mote da libertação humana da cultura cristã. No âmbito epistemológico ou do conhecimento humano, Nietzsche aprofunda o conceito de perspectivismo, já iniciado na sua Segunda consideração extemporânea, como uma explicação do modo como o ser humano pode conhecer as coisas e produzir o que se diz ser a verdade.


Período de maturidade

Iniciado com a escrita de Assim falou Zaratustra, esse período tem como centralidade as investigações acerca da moral. Crítico ferrenho da moral judaico-cristã e do enfraquecimento provocado por essa, ele aposta que houve um período em que o ser humano era mais forte (antes do cristianismo) por viver sob o império da moral proposta pelos senhores nobres (não tomando nobreza como casta, mas como uma nobreza de espírito daqueles que são mais fortes).


O além-do-homem (melhor tradução para o termo alemão Übermensch, que alguns tradutores traduziram como super-homem) seria um conceito que fala sobre um ser humano capaz de libertar-se das amarras morais da sociedade e viver por si mesmo. O cristianismo apareceu como uma rebelião escrava da moral (uma rebelião dos escravos contra os seus senhores) que resultou na inversão de valores morais.


Para galgar essa inversão, seria necessário um processo que ele chamou de transvaloração, que seria a reavaliação da moral, estabelecendo novamente o que seria bom e ruim para a humanidade, sem recorrer aos ideais cristãos. Segundo Nietzsche, antes do cristianismo, bom era aquela pessoa forte e capaz de sobrepor-se, enquanto mau era o fraco.


Após o cristianismo e a rebelião escrava da moral, bom passa a ser o fraco enquanto forte torna-se o mau. O conceito de vontade de poder também aparece nesse período como uma expressão máxima da vida e da força humana e natural, que seria uma espécie de energia vital que tocaria tudo o que existe, fazendo as coisas desenvolverem-se.


Nietzsche também se apossa do conceito de niilismo e dá a ele outro significado, entendendo-o como algo prejudicial para o ser humano, embora presente em todas as pessoas, por ser uma negação da vida material e biológica em detrimento de uma vida extraterrena, que, para Nietzsche, não existia.


Obras

Nascimento da tragédia: obra em que Nietzsche analisa a tragédia grega como o elemento máximo que a cultura ocidental teria atingido, justamente por valorizar a vida material como elemento superior, não depositando confiança em uma religião como o cristianismo, que nega a vida terrena e aposta na vida após a morte, a promessa da plenitude no paraíso.


Humano, demasiado humano, A gaia ciência e Aurora: são obras aforismáticas que tratam de temas variados, impossíveis de serem resumidos. Aqui Nietzsche reúne uma mistura de ideias que têm sobre a filosofia, estabelece diversos pontos de sua crítica à filosofia desde Sócrates, e intensifica a sua crítica à cultura e à moral cristã ocidental.


Assim falou Zaratustra: o professor Roberto Machado, estudioso brasileiro da obra de Nietzsche, classifica o livro como a tragédia nietzschiana. Nietzsche enxergava na tragédia o ponto máximo da cultura por ela fugir da racionalização, mas ele mesmo fazia suas obras por meio de textos demasiadamente racionalizados. Esse livro literário filosófico cria uma perspectiva diferente ao propiciar uma visão trágica do herói Zaratustra, que vive uma saga e propõe ensinamentos filosóficos com base em sua vida.


Genealogia da moral, Além do bem e do mal, O anticristo e Crepúsculo dos ídolos: são livros escritos na fase em que Nietzsche pretendia compor a sua grande obra intitulada Vontade de poder. Todos eles adentram no assunto da moral e da crítica à moral cristã como meio de levar o ser humano a reconhecer o seu processo de autodesvalorização, para que ele mesmo pudesse recompor-se e chegar a um novo estado de desenvolvimento pessoal.


Frases

"Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas."


"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."


"A justiça é retribuição e troca sob a condição de uma posição de poder aproximadamente igual."


"Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram o melhor de seus equívocos."


"Há homens que já nascem póstumos."


"Na verdade, o único cristão morreu na cruz."


"O cristianismo perverteu a Eros; este não morreu, mas degenerou-se, tornou-se vício."


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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Filosofia contemporânea: principais características e filósofos 

 


A filosofia contemporânea é definida como o pensamento filosófico construído do século XIX até os dias atuais, como consequência dos marcos históricos da Revolução Francesa e da Revolução Industrial.


O pensamento filosófico contemporâneo é caracterizado principalmente pela fenomenologia e hermenêutica (ou estudos da significação).


Dentre as correntes filosóficas mais importantes também estão o positivismo, o materialismo histórico-dialético, a filosofia analítica, o niilismo de Nietzsche, o existencialismo, a teria crítica da escola de Frankfurt e o pós-estruturalismo.


Não há consenso entre os estudiosos sobre quem seriam os principais filósofos desse período.


Essa falta de consenso acontece, principalmente, devido à diversidade de pensamentos desenvolvidos na contemporaneidade, com escolas e correntes filosóficas distintas coexistindo e ainda se expandindo.


Muitos pensadores contemporâneos são considerados essenciais para entender a filosofia e as demais ciências hoje.


Auguste Comte, Karl Marx, Edmund Husserl, Bertrand Russel, Friedrich Nietzsche, Jean-Paul Sartre, Max Horkheimer e Michel Foucault são alguns deles.


Características das principais escolas filosóficas

Mapa mental sobre correntes filosóficas contemporâneas

As escolas filosóficas que compõem a filosofia contemporânea, ainda que diversas, acabam se relacionando.

Positivismo

A filosofia contemporânea é iniciada com o positivismo de Comte e o materialismo histórico-dialético de Marx no século XIX. Esses dois conceitos dão o pontapé inicial para o que viria depois na construção do pensamento filosófico atual.


No positivismo, o pensamento científico é o único considerado válido. Comte abandonou completamente as noções anteriores da filosofia, que ainda adotavam pensamentos sobre a metafísica e o transcendentalismo. Inspirando-se no iluminismo.


Dessa forma, o racionalismo e o cientificismo são características importantes do positivismo, e que influenciaram de forma significativa a maneira de se pensar e fazer a ciência.


Comte também via a sociedade como um sistema com progressão natural. Mantendo-se a ordem, naturalmente se alcançaria a evolução e o progresso. Acontecimentos históricos posteriores, passados no século XX, colocaram em causa esse aspecto do positivismo.


Materialismo histórico-dialético

A industrialização das sociedades conduziu Marx e Egels a refletir sobre o que seria o materialismo histórico-dialético. Com o materialismo-histórico, os filósofos se opuseram às crenças iluministas, vendo a sociedade como resultado do seu nível de produção e da sua economia.


Para Marx e Egels não eram os ideais (como acreditavam os iluministas) que colocavam uma sociedade em um caminho de progresso, mas sim as suas transformações materiais e econômicas. Dessa forma, as mudanças econômicas e as transformações nos modelos de produção definiriam o caminho histórico que uma sociedade teria.


A história deixou de ser pensada como meros acontecimentos, para ser vista como uma ordem de fatos que se passaram devido às alterações no modelo econômico e produtivo.


Como exemplo, pode-se dizer que a mudanças históricas trazidas pela Revolução Industrial estão diretamente relacionadas com as alterações econômicas que as provocaram. Logo, a transformação econômica foi o que influenciou a transformação social, como a migração do campo para a cidade, a luta por direitos trabalhistas, entre outros. Construindo a história.


No materialismo histórico, a evolução social vem do confronto. Da chamada luta de classes.


O materialismo-dialético é contrário ao idealismo. Por meio dessa teoria, Marx e Egels afirmam que ao se estudar um objeto, é necessário observá-lo na totalidade, como algo inserido em um contexto maior.


Portanto, o estudo de determinada questão não pode ser feito sem considerar tudo o que cerca a questão, inclusive o que for visto como contraditório.


Fenomenologia

Também avessa a ideias positivistas, a fenomenologia de Husserl propunha que era necessário repensar a construção filosófica se afastando de convicções cientificistas.


Para Husserl, o conhecimento seria produzido a partir da forma como a consciência humana interpreta os fenômenos. Como fenômeno, pode-se entender qualquer acontecimento ou manifestação, qualquer coisa que se coloque diante de um indivíduo.


Portanto, na fenomenologia, o conhecimento sobre determinado assunto ou objetivo é construído através interpretação, ou seja, de uma leitura feita pela consciência humana. Com tal afirmação, Husserl tira o protagonismo do pensamento filosófico do objeto e passa para a pessoa/sujeito, que detém a consciência capaz de interpretá-lo.


A fenomenologia acaba sendo vista por muitos estudiosos como uma espécie de método para o pensamento filosófico.


Hermenêutica e Teoria da Significação

Ainda no contexto da interpretação, a hermenêutica é uma importante característica da filosofia contemporânea. Pois é a filosofia de interpretar e compreender a significação, a produção de sentido ou a semântica.


Pode-se dizer que as disciplinas-chave para entender filosofia atual são a fenomenologia e a hermenêutica.


A filosofia contemporânea tem uma grande preocupação com os estudos linguísticos, das teorias da significação.


A filosofia analítica tem também como base as teorias da significação. Um dos seus nomes mais importantes foi Russel.


Com a filosofia analítica, parte-se do princípio de que as pessoas são seres linguísticos, e que é por meio da linguagem que se transmite e se constrói conhecimento. Portanto, essa corrente de pensamento propõe uma análise lógica da linguagem.


A filosofia deixa de pensar sobre objetos ou o conhecimento em si, e passa a estudar a linguagem com a qual se compartilha conhecimento.


A filosofia contemporânea também tem uma forte característica niilista. Baseada, principalmente, nos pensamentos de Nietzsche. O niilismo de Nietzsche influenciou na construção do existencialismo e do pós-estruturalismo.


Niilismo de Nietzsche

O niilismo é uma filosofia que afirma não existir nenhum tipo de certeza na qual se possa basear o conhecimento. A partir do niilismo de Nietzsche, tem-se as concepções de morte de deus e da libertação do sujeito.


Nesses conceitos, o ser humano deixa de ser regido pela moral, pela cultura ou pela religião. Afinal, no niilismo, nenhuma dessas crenças podem ser considerada uma certeza na qual se deve seguir ou construir conhecimento sobre.


Dessa forma, o ser humano passa a ser livre, pois a vida não teria qualquer tipo de sentido ou essência. Essa é a base do pensamento existencialista.


Existencialismo

O existencialismo tem como nomes importantes Satre, Beauvoir e Camus. Esse pensamento filosófico declara a falta de sentido para a vida humana. Assim a vida não teria qualquer significado maior, o indivíduo simplesmente existe e cabe unicamente a ele construir e guiar a sua existência. Construindo a sua condição humana.


Teoria Crítica

Com base marxista, a Escola de Frankfurt sugeria uma nova leitura dos conceitos de Marx. Os pensadores de Frankfurt se opunham ao positivismo e ao iluminismo, pois consideravam que com a ascensão dos movimentos fascistas e nazistas na Europa havia acontecido uma severa regressão social.


A Escola de Frankfurt surgiu na Alemanha no século XX e durante a II Guerra Mundial se mudou para os Estados Unidos. Os filósofos, entre eles, Horkheimer e Adorno, desenvolveram a Teoria Crítica.


A Teoria Crítica visava a transformação social. Não se colocava como uma conceito neutro, o que era comum nas conceituações anteriores, mas propunha um pensamento crítico e que provocasse mudança.


A indústria cultural é conceito da Teoria Crítica, que surge a partir da análise dos meios de comunicação. A indústria cultural se refere a um sistema de "fabricação" de bens culturais que serviriam como mecanismo de geração de lucro e de controle social, mantendo as pessoas alienadas.


Pertencentes à indústria cultural estariam filmes, novelas, programas de rádio e televisão, livros e todo bem artístico-cultural resultado da chamada cultura de massa.


A cultura de massa seria uma mistura da cultura erudita com a cultura popular. Esses bens seriam produzidos com o objetivo de manter a ordem social e econômica vigente.


Outro conceito presente na Teoria Crítica é o da razão instrumental. A razão instrumental seria quando a razão ou conhecimento se tornam instrumentos de dominação e controle social.


Com a razão instrumental, a ciência deixaria de ser um modelo para o conhecimento e a liberdade, e passaria a ser um meio para alcançar o poder, tornando-se exploratória e dominadora.


Pós-estruturalismo

Um dos principais nomes da corrente pós-estruturalista é o filósofo Michel Foucault. O pós-estruturalismo é uma corrente de pensamento filosófico que critica as bases do estruturalismo, por considerá-las deterministas e não levarem em consideração os contextos históricos.


Entenda mais sobre o estruturalismo.


Os filósofos pós-estruturalistas consideram a realidade uma construção social e de caráter subjetivo. O pós-estruturalismo também tende a negar posições binárias, como os conceitos de "bom ou mal" ou "homem ou mulher".


O pensamento pós-estruturalista está presente em estudos semânticos e de significação, nos estudos de gênero, na análise literária e em muitos outros. O pós-estruturalismo tem como base os conceitos de Nietzsche e o anti-positivismo.


Alguns estudiosos consideram o pós-estruturalismo como uma corrente filosófica característica da pós-modernidade.


Compreenda o que é a pós-modernidade.


Resumo das principais características

Positivismo.

Racionalismo.

Cientificismo.

Materialismo histórico.

Materialismo dialético.

Fenomenologia.

Hermenêutica.

Estudos linguísticos - Filosofia Analítica.

Niilismo.

Existencialismo.

Liberdade.

Crítica social - Escola de Frankfurt.

Pós-estruturalismo.

Subjetividade.

Desconstrução.

Principais filósofos da contemporaneidade

Auguste Comte

filósofo positivista Auguste Comte

Comte, importante nome do positivismo

Comte é o fundador do positivismo. Essa corrente filosófica tinha como base os ideais iluministas e acreditava que a ciência era a única forma válida de conhecimento. Sendo responsável por explicar tanto a natureza, quanto as realidades sociais.


Logo, o positivismo tem influência do cientificismo. Apesar de conceitos filosóficos posteriores terem fortemente questionado o positivismo, a importância dessa corrente filosófica está por ter sido a primeira a elaborar um estudo social de forma sistemática.


Isto é, definindo um objeto de estudo, adotando um método de pesquisa e compondo conceitos.


Além disso, o positivismo via a sociedade como um mecanismo que evoluiria naturalmente. Mantendo-se a ordem, organicamente o caminho seria o progresso.


Comte teve grande importância na construção da identidade nacional no período da instauração do Brasil república. A maioria dos militares envolvidos na mudança de regime governamental era positivista.


Auguste Comte era francês, nascido no ano de 1798 e faleceu em 1857. É considerado o pai da sociologia.


Conheça mais sobre o positivismo e sua influência no Brasil.


Karl Marx

filósofo Karl Marx responsável pela obra O Capital

Karl Marx, autor da obra O Capital.

Marx é considerado uns dos mais importantes filósofos da contemporaneidade. Junto com Friedrich Engels foi o responsável por conceitos filosóficos relevantes, como a luta de classes, o materialismo histórico-dialético e o socialismo científico.


Marx foi um grande crítico do capitalismo industrial. Dessa forma, dividiu a sociedade em duas grandes classes: o proletariado, composto pelos trabalhadores, em sua maioria pertencentes ao mundo operário das fábricas, e a burguesia, que seria uma classe elitizada, proprietária das indústrias, ou seja, dona dos meios de produção.


Marx afirmava que essas duas classes antagônicas estariam sempre em disputa, a luta de classes. Enquanto a burguesia pretendia manter seus status através do poder econômico e político, o proletariado estaria em busca de uma mudança social através de melhores condições de vida.


Ainda dentro do contexto fabril, o filósofo abordava o conceito de mais-valia, no qual o produto final construído sempre valeria mais do que o valor dado como remuneração ao trabalhador.


A burguesia seria a classe exploradora, enquanto o proletariado, a classe explorada. Nesse cenário, o filósofo também aborda os conceitos de alienação e ideologia. Neles, a condição real do indivíduo seria camuflada. As pessoas pertencentes ao proletariado não teriam acesso ao conhecimento do que realmente viviam, perdendo de certa forma a sua identidade.


Um dos métodos de camuflagem, que faria com que o indivíduo perdesse a sua identidade, seria o fato de os trabalhadores das fábricas não conhecerem o produto final do que fabricavam, pois estavam envolvidos somente em uma parte do processo fabril.


Para Marx, somente com a luta de classes (quando o proletariado entendesse o seu poder e os seus direitos) é que seria possível alcançar uma verdadeira transformação social.


No materialismo histórico, o pensador vê as transformações históricas de uma sociedade sendo impulsionadas pelo seu nível de produção e pela sua economia. Para Marx seria a luta de classes, determinada a partir do modelo de produção e econômico vigentes, que fariam a história.


Já no materialismo-dialético, o filósofo traz a noção de que para se estudar um objeto é necessário pensá-lo como um todo, portanto o estudo de um objeto ou temática não pode ser pensado de forma isolada, mas sim levando em consideração os contextos que estão ao redor dele.


Saiba mais sobre o materialismo histórico e o materialismo dialético.


Os conceitos de luta de classes, mais-valia, divisão do trabalho, entre outras, estão incluídas no que se chama de socialismo científico ou socialismo marxista.


A principal obra do socialismo científico foi O Capital, de 1867, que criticava o capitalismo. O Manifesto Comunista, de 1848, também abordavam esses conceitos e propuseram objetivos de mudança.


Karl Marx era um filósofo alemão, de ascendência judia. Nascido em 1818 e falecido em 1883.


Edmund Husserl

filósofo fundador da fenomenologia, Husserl

Edmund Husserl, fundador da fenomenologia.

Husserl foi o principal nome da fenomenologia. Para o filósofo, a realidade seria um fenômeno que precisaria ser interpretada e revelada.


A consciência humana seria a responsável por realizar essa interpretação. Husserl também afirmava que a consciência é sempre uma consciência de algo. Portanto, a consciência não seria vazia, estaria sempre relacionada a alguma coisa, seja uma pessoa, um objeto ou uma situação.


Essa consciência também seria considerada plástica, ou seja, teria a capacidade de mudança, sendo aberta para transformações e se adaptando.


Entretanto, a consciência também teria a particularidade da temporalidade. Assim, a forma da consciência humana de interpretar fenômenos poderia variar de acordo com o tempo histórico em que o indivíduo vive.


Para o filósofo, o conhecimento também possuiria características de intencionalidade. Quando um indivíduo volta sua atenção para um fenômeno existente, sempre há intenção em fazê-lo.


Edmundo Husserl era alemão, nasceu em 1859 e faleceu em 1938. Outro nome importante dentro da fenomenologia foi Friederich Hegel.


Bertrand Russel

filósofo Russel, fundador da filosofia analítica

Russel foi pensador da filosofia analítica.

Russel foi um filósofo pertencente a corrente de pensamento da filosofia analítica. A filosofia analítica se dedicava aos estudos dos enunciados linguísticos, isto é, era um ramo da filosofia que pensava o ser humano como um ser linguístico, e que a linguagem era o meio pelo qual se construiria e se transmitiria o conhecimento.


Por ser também matemático, Russel traz para a filosofia uma forma lógica de se analisar a linguagem. A análise lógica da linguagem seria o caminho para entender e se pensar a filosofia.


Para os filósofos analíticos, a análise lógica da linguagem era a maneira de superar os problemas da filosofia metafísica.


Russel nasceu no Reino Unido em 1872. Pertenceu a aristocracia britânica, assumindo o título de conde.


Foi um homem considerado progressista para a sua época, posicionando-se politicamente contra as duas Grandes Guerras e se mostrando a favor do voto feminino. Em 1950, ganhou o Nobel de Literatura. Morreu em 1970.


Friedrich Nietzsche

filósofo alemão Friedrich Nietzsche

Nietzsche influenciou o existencialismo.

Nietzsche foi um dos mais importantes filósofos da contemporaneidade. Com seus pensamentos, influenciou muitas correntes filosóficas posteriores, como o existencialismo e o pós-estruturalismo.


No início de seus estudos filosóficos, Nietzsche sofreu influência do importante filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Friedrich Nietzsche era um crítico da filosofia socrática, afirmava que os pensamentos metafísicos de Sócrates haviam retirado dos indivíduos o que chamou de forças apolíneas e forças dionísicas.


As forças apolíneas seriam características como a racionalidade, a beleza e ordem. Já as dionísicas, seriam a paixão, a intensidade, o medo, entre outros. Para o filósofo, negar essas forças seria negar a própria vida.


Nietzsche constrói o conceito de moral de escravo e moral de senhor. A moral de escravo seria aquela em que o indivíduo se submete à crenças e valores que o subjugariam, como a religião. A moral de senhor seria quando o indivíduo não segue qualquer valor imposto, sendo o senhor da sua própria moral.


Nietzsche afirma que deus está morto, portanto o ser humano deveria ser o senhor de sua própria moral. O indivíduo que conseguisse se libertar dos valores impostos pela religião e pela cultura, seria o super-homem (do alemão: "Übermensch").


O super homem de Nietzsche seria um modelo que deveria ser buscado pela humanidade, para a obtenção da liberdade.


A vontade de potência seria o que impulsionaria os indivíduos livres da moral de escravo a construir uma trajetória para a sua existência.


Nietzsche pode ser considerado um filósofo niilista justamente porque nega a existência de uma certeza ou uma essência que sirva como base para a criação do conhecimento ou da moral. Porém o conceito de vontade de potência mostra um niilismo ativo, onde o super-homem está livre para construir uma vida sem amarras.


Friedrich Nietzsche nasceu na Prússia, atual Alemanha, em 1844. Além de filósofo, também foi filólogo, poeta, compositor e crítico cultural. Faleceu em 1900.


Jean-Paul Sartre

filósofos Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre em preto e branco.

Filósofos Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre.

Sartre é o maior representante do existencialismo. O filósofo teve como principais inspirações a fenomenologia de Husserl, o niilismo de Nietzsche e o materialismo histórico de Marx.


A partir desses conceitos, Sartre pensou o existencialismo ateu, mais uma vez abandonado uma filosofia metafísica. Segundo o filósofo, o ser humano estava condenado à liberdade, pois não existiria nenhuma força superior ou um significado maior para a vida humana.


Dessa forma, os indivíduos sempre seriam completamente livres para escolher como construir a sua existência. Essa escolha seria o que criaria a condição humana. Ou seja, a partir das escolhas feitas durante a sua vida é que um indivíduo construiria a sua essência enquanto ser humano.


Ao contrário dos filósofos clássicos, que pensavam o ser humano com uma essência ou uma natureza especial, Sartre diz que a essência do indivíduo será formada durante a vida a partir das escolhas feitas diante da liberdade. Para Sartre, a existência vem antes da essência.


Com influência do materialismo histórico e dialético de Marx, o filósofo também pensou um existencialismo em um contexto social. Sartre tinha fundamentos marxistas, mas realizou uma releitura dos conceitos do pensador alemão.


Para Sartre, conforme os indivíduos vão fazendo escolhas para as suas vidas, acabam também fazendo escolhas para a humanidade em geral, projetando suas escolhas para toda a comunidade.


O ser humano ao fazer escolhas olhando para si, estaria também optando pelo que seria para o outro. Assim, associa-se também o existencialismo às pautas políticas e sociais.


Simone de Beauvoir, esposa de Sartre, foi uma grande filósofa existencialista e referência nas teorias feministas.


Jean-Paul Sartre nasceu na França em 1905 e faleceu em 1980.


Entenda mais sobre o feminismo.


Max Horkheimer

filósofos da Escolha de Frankfurt, Max Horkheimer e Theodor Adorno

Horkheimer e Adorno, 1964.

Créditos: Jeremy J. Shapiro.

Horkheimer foi um dos mais prestigiados membros da escola de Frankfurt. Uma das maiores correntes filosóficas do século XX, influenciando a filosofia e sociologia. Também compõem a escola de Frankfurt, pensadores como Walter Beijamin, Theodor Adorno e Jürgen Habermas.


A escola de Frankfurt iniciou seus estudos na Universidade de Frankfurt, em 1924, e construiu pensamentos filosóficos sobre vários temas, como estética, comunicação, linguística, entre outros.


Tendo origem judia, a escola de Frankfurt passou a existir na clandestinidade por volta dos anos de 1930, tendo depois que mudar sua localização para os Estados Unidos, durante o regime nazista.


Propondo uma releitura do marxismo, a escola de Frankfurt também tinha perfil antipositivista, e inspiração no existencialismo e na psicanálise de Sigmund Freud.


Horkheimer foi um dos pensadores base para a Teoria Crítica. A Teoria Crítica é um conceito guarda-chuva para diversos pensamentos importantes desenvolvimentos dentro da Escola de Frankfurt, entre eles, a indústria cultural e a razão instrumental.


A indústria cultural seria a produtora da cultura de massa. Portanto, a indústria cultural iria produzir, assim como em uma fábrica, bens ou produtos culturais.


Esses bens da cultura, que poderiam ser filmes, novelas, peças de teatro, séries de tv, etc., assim como em uma indústria são feitos em série e com os objetivos de gerar lucro e promover o controle social.


Os filósofos da escola de Frankfurt apontavam ser danoso que a indústria cultural fosse a fonte de informação e o guia de vida das pessoas. Esse aspecto "educativo" da indústria cultural poderia influenciar padrões e comportamentos.


Os "frankfutianos" também elaboraram o conceito de razão instrumental, que seria quando a ciência e/ou a razão passam a ser utilizadas como instrumento de dominação e exploração econômico e social.


Max Horkheimer nasceu na Alemanha em 1895 e morreu em 1973.


Michel Foucault

filósofo pós-estruturalista Michel Foucault em preto e branco

Foucault, principal nome do pós-estruturalismo.

Créditos: Marc Garanger/ Gallimard.

Foucault é um dos filósofos fundamentais para entender o pensamento filosófico atual. Muitas vezes visto como um pensador de revolucionou as ciências humanas.


O filósofo é o grande nome do pós-estruturalismo, no qual retomou os pensamentos de Nietzsche e se inspirou no existencialismo de Sartre. Também apoiando os ideias antipositivistas.


Foucault elaborou conceitos sobre o poder, o discurso, a domesticação dos corpos, a história da sexualidade, a história da construção do conhecimento ocidental e também da loucura, abordando a psiquiatria.


Por ser um grande crítico do mundo contemporâneo, Foucault ficou conhecido como o filósofo da desconfiança. A expressão faz referencia à pratica do pensador analisar as instituições sociais e defender um atitude de desconstrução da realidade, típica dos chamados pós-estruturalistas.


Dentre as várias conceituações, destacam-se os pensamentos sobre o poder e a domesticação dos corpos. Foucault se afastou do pensamento marxista clássico que pensava o poder como uma posição majoritariamente ligada ao fator econômico.


Foucault não via o poder como uma posição, mas como algo que poderia ser exercido. O poder seria algo que poderia ser executado. E sempre seria exercido de maneira desequilibrada, isto é, por mais sutil que possam ser, as relações de poder são sempre desiguais.


Nenhum indivíduo poderia estar fora dessas relações. Por menor que a execução de poder seja, ele sempre estará presente no cotidiano de todos.


Como exemplo, essas relações de poder podem ficar evidente nas relações familiares, entre pais e filhos, ou mesmo entre irmãos. Na escola, entre professores e estudantes; entre trabalhador e empregado; entre os policiais e os cidadãos civis; entre amigos ou em situações maiores, como entre as instituições jurídicas e a população comum.


O poder não necessariamente é exercido em uma relação de dualidade, o poder se ramifica em toda a sociedade e tem como uma de suas principais característica a de ser assimétrica.


O poder também não é algo que se exerce eternamente, as dinâmicas das relações de poder são mutáveis. Transformando-se com o decorrer do tempo, mas nunca deixando de existir.


Outra característica do poder seria a capacidade de atuar sobre os corpos dos indivíduos. Nessa conceituação, Foucault elabora o pensamento sobre a domesticação dos corpos. O que faria com que os corpos dos indivíduos fossem transformados para que pudessem entregar o máximo possível.


Ou seja, os corpos deveriam ser domesticados ao ponto máximo de rendimento. O filósofo afirmava que essa domesticação poderia ser vista nos espaços, como no militarismo ou nas escolas. A domesticação criaria uma espécie de disciplina, que formam regras e comportamentos a fim de explorar ao máximo o tempo e o corpo.


Michel Foucault é francês, nasceu no ano de 1926 e faleceu em 1984.


Momento histórico da filosofia contemporânea

O contexto histórico que permeou a construção da filosofia contemporânea começou a partir da Revolução Francesa e também da Revolução Industrial.


Esses dois eventos históricos mudaram a estruturação econômica e social em todo mundo. Inicialmente na Europa e depois, gradativamente, no restante do globo.


A Revolução Francesa, inspirada nos ideais do Iluminismo, levou a queda da monarquia na França e consequentemente a desvalorização do regime político em todo o mundo. Após a revolução, a república, como sistema político, ganhou força e a burguesia passou a ter, além de poder econômico, também poder político.


A partir do final do século XVII, os avanços tecnológicos possibilitaram grandes mudanças na dinâmica social, especialmente no trabalho. A tecnologia modificou o processo de produção, que era praticamente artesanal, para a confecção com máquinas.


As máquinas a vapor, a utilização do carvão para gerar energia, a descoberta de novos químicos, entre outros avanços, aumentaram a produtividade das fábricas. Produzindo mais e em menos tempo. O lucro dos proprietários dos empreendimentos, pertencentes a burguesia, disparou.


A Revolução Industrial iniciou na Inglaterra, por volta de 1760, e rapidamente ganhou a Europa e também os Estados Unidos. A substituição da força humana pelo maquinário mudou o estilo de vida da população. Consolidando o capitalismo como modelo econômico-social.


A exaltação da racionalidade e da ciência, iniciadas com o Iluminismo, e os avanços tecnológicos a partir do fim do século XVIII fizeram pensar a sociedade como uma estrutura histórica e que progredia naturalmente. Concepção que deu base para o positivismo de Comte.


Em contra-partida aos avanços tecnológicos da Revolução Industrial, transformações sociais problemáticas ocorreram, como a forte migração das populações das zonas rurais para as cidades, em busca de trabalho nas fábricas (o êxodo rural). Também houve uma acentuação das desigualdades sociais, que eram notórias devido às más condições de trabalho nas fábricas, moradias precárias e a falta de direitos trabalhistas.


A necessidade das populações em conquistar direitos trabalhistas e melhores condições de vida abriu caminho para conceituações como a luta de classes de Karl Marx e o feminismo, com o movimento sufragista. O movimento lutava pelo direito feminino ao voto.


Diante das desigualdades sociais consequentes ao estabelecimento do capitalismo, outros modelos sociais e econômicos passaram a ser pensados, como o socialismo, o comunismo e a anarquia.


Entenda mais sobre os conceitos de socialismo, comunismo e anarquia.


Além das mudanças sociais negativas, o ideal de progresso natural firmado pelo positivismo foi colocado em causa com a tomada do poder por governos totalitários no século XX. Tanto de direita, como o nazismo e o fascismo, como de esquerda, o stalinismo.


Hannah Arendt foi uma importante filósofa alemã, perseguida pelo regime nazista. Arendt era judia e foi a responsável por um renomado estudo sobre regimes totalitários, e elaborou conceitos como o da banalidade do mal.


Saiba mais sobre as características do totalitarismo.


A partir desses fenômenos, especialmente a ascensão do nazismo na Alemanha, passou-se a valorizar ainda mais o pensamento crítico. A chamada escola de Frankfurt, que durante a guerra teve de se mudar para os Estados Unidos, tinha uma base marxista, mas procurava ir além das noções de Karl Marx.


Eram contrários ao positivismo e foram influenciados pelo existencialismo e pela psicanálise. A sua base de pensamento filosófico estava nas teorias críticas ao capitalismo e na emancipação social.


É também na escola de Frankfurt que surge o conceito de indústria cultural. A indústria cultural seria um mecanismo capitalista de transformar a cultura em uma mercadoria e em um meio de controle social.


No fim do século XX começa, na França, um movimento baseado nas concepções de Nietzsche. Embora o movimento pós-estruturalista não tenha assim se autodenominado, ficou dessa forma conhecido por pensar a sociedade como uma construção e negar o binarismo presente nos estudos estruturalistas.


Além de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Judith Blutter são importantes nomes da filosofia contemporânea.


Apesar de ser possível traçar uma linha temporal sobre os acontecimentos históricos que influenciaram e foram influenciados pela filosofia contemporânea, também é notória que a filosofia praticada nos últimos dois séculos é diversa.


Percebem-se correntes de pensamento que se relacionam (seja como uma releitura ou como uma negação da escola anterior) ou que praticamente não conversam, estando somente no mesmo campo temático.


Para alguns estudiosos condensar a filosofia contemporânea em um molde histórico/temporal não seria o ideal. Primeiramente devido à diversidade das correntes filosóficas, que faz com que não exista uma uniformidade dos conceitos durante o recorte temporal definido.


E também existe a dificuldade inerente de interpretar e categorizar um conhecimento que é recente, e ainda está sendo produzido. Porém, pode-se pensar que a principal preocupação da filosofia atual é significação.


Fontes bibliográficas:


CHAUI, M. Convite à filosofia. Ed. Ática, São Paulo. 2000

FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Editora Forense Universitária, Rio de Janeiro, 2008.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Edições Loyola, São Paulo, 1996.

PORTO, M. A Filosofia a partir de seus problemas. Edições Loyola. 3d. São Paulo, 2007

RUSSEL, B. História da filosofia ocidental. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2015.


sábado, 20 de agosto de 2022

Enéas Carneiro Magnífico !!

 Enéas Ferreira Carneiro (Rio Branco, 5 de novembro de 1938 — Rio de Janeiro, 6 de maio de 2007)[2] foi um polímata, militar, médico cardiologista,[3] professor, matemático, físico, tradutor, escritor e político brasileiro.[4][5] É considerado o maior ícone do conservadorismo nacionalista no Brasil,[6][7][8][9] e como político fundou o extinto Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA).[2][4] Foi filiado a ele de 1989, sua fundação, até 2006, quando ocorreu a fusão do PRONA com o Partido Liberal, surgindo o Partido da República,[10] atualmente Partido Liberal, ao qual Enéas foi filiado de 2006 a 2007, ano de sua morte.


Enéas Carneiro


Deputado Enéas Carneiro falando à Comissão da Amazônia, em 2004

Presidente do

Partido de Reedificação da Ordem Nacional

Período

20 de junho de 1989

a 26 de outubro de 2006

Antecessor(a)

cargo criado

Sucessor(a)

cargo extinto

Deputado federal por São Paulo

Período

1 de fevereiro de 2003

a 6 de maio de 2007

Dados pessoais

Nome completo

Enéas Ferreira Carneiro

Nascimento

5 de novembro de 1938

Rio Branco, Acre

Morte

6 de maio de 2007 (68 anos)

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Nacionalidade

brasileiro

Progenitores

Mãe: Mina Ferreira Carneiro

Pai: Eustáquio José Carneiro

Alma mater

Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (atual UNIRIO)

Cônjuge

Jamile Augusta Ferreira (divorciado)

Selene Maria Guimarães (divorciado)

Adriana Lorandi (divorciado)

Filhos

Janete Ferreira Carneiro

Gabriela Guimarães Carneiro

Lígia Ferreira Carneiro

Partido

PRONA (1989–2006)

PR (2006–2007)

Religião

católico[1]

Profissão

Lista

médico cardiologista

militar

professor

autor

político

Serviço militar

Lealdade

 Brasil

Serviço/ramo

Coat of arms of the Brazilian Army.svg Exército Brasileiro

Anos de serviço

1959–1965

Graduação

3 Sargento EB.jpg Sargento

Condecorações

Medalha Marechal Hermes

Em sua juventude, Enéas se interessou pela leitura dos textos de Friedrich Engels, tornando-se num entusiasta do socialismo científico. Segundo suas próprias palavras, ele sonhava com a União Soviética que emergia na Guerra Fria, mas deixou de ser socialista porque "quando o Estado toma conta dos meios de produção, a competição some, e satisfeitas as necessidades básicas, como habitação, a sociedade entra em letargia e não se desenvolve".[11]


Após se candidatar três vezes à Presidência da República (1989, 1994 e 1998) e uma vez à prefeitura de São Paulo (2000),[2] em 2002 foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo, recebendo votação recorde: mais de 1,57 milhões de votos, a segunda maior votação já registrada no país.[12] Tornou-se muito famoso em todo o Brasil a partir de 1989, quando se candidatou à Presidência da República naquele ano, por seu bordão "Meu nome é Enéas!", usado sempre ao término de seus pronunciamentos no horário eleitoral gratuito brasileiro.[13]


Era conhecido por seu nacionalismo,[7][8][9] seu conservadorismo e pela oposição ao neoliberalismo[14] e ao socialismo.[15] Seus posicionamentos políticos são colocados por vezes na extrema-direita,[16][17][18] porém o próprio Enéas afirmou ser contrário à classificação esquerda-direita, definindo-se como nacionalista, somente.[19][20][21] Alguns críticos ainda tentaram associá-lo a uma espécie de novo símbolo do Movimento Integralista, devido a semelhanças entre opiniões do eleitorado do PRONA e dos extintos partidos integralistas.[22]


Biografia


Enéas quando tinha 6 meses de idade

Enéas Ferreira Carneiro nasceu na cidade de Rio Branco, no estado do Acre, em 1938. Filho de Eustáquio José Carneiro, barbeiro, e Mina Ferreiro Carneiro, dona de casa.[23] Perdeu o pai aos nove anos de idade, sendo obrigado a trabalhar desde essa idade para sustentar a si e à sua mãe.[5] Quando nasceu, sua família estava em condições de miséria. Mudou-se para Belém (Pará), com condições financeiras um pouco melhores, onde morou em um barraco e tinha como alimentação farinha e café.[24]


Foi casado com Jamile Augusta Ferreira, que conheceu na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro quando estava lendo um livro de ciências exatas, sendo abordado por ela, interessada pela leitura, posteriormente tornando-se seu namorado.[25][26] O casal teve uma filha quando terminaram os estudos na escola de medicina, chamada Janete. Cinco anos mais tarde, Enéas teve outra filha, chamada Gabriela, de sua união com a fonoaudióloga Selene Maria, relacionamento que, como o anterior, não foi duradouro. Enéas, por volta de 1982, casou-se com a promotora da auditoria militar Adriana Lorandi. Com ela teve sua terceira filha, Lígia. O casal acabou se separando, pois para criar o PRONA Enéas precisou se desfazer de muitos bens.[25] "Ela não aguentou. Torrei todo meu patrimônio, uns imóveis e joias porque queria construir o PRONA".[26]


Carreira

Estudos e serviço militar

Em 1958, iniciou seus estudos no Rio de Janeiro, na Escola de Saúde do Exército. Em 1959 formou-se terceiro-sargento auxiliar de anestesiologia, sendo primeiro lugar de sua turma.[5]


Em 1960, iniciou seus estudos na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.[5]


Em fevereiro de 1962, prestou exame vestibular para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ), curso de licenciatura em matemática e física. Aprovado em primeiro lugar, no mesmo ano iniciou atividade como professor destas disciplinas, preparando alunos para vestibulares.[27]


Enéas quando era estudante da Universidade do Estado da Guanabara

Em 1965 formou-se médico pela supracitada Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, pedindo então baixa do exército após oito anos de serviço ativo no Hospital Central do Exército, onde auxiliou os médicos em mais de 5 mil anestesias, já tendo recebido a medalha Marechal Hermes.[5]


Em 1968 diplomou-se licenciado em matemática e física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara e fundou o Curso Gradiente, pré-universitário, do qual foi diretor-presidente e onde lecionou matemática, física, química, biologia e português.[5]


Em 1969, fez curso de especialização em cardiologia na 6ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e, a partir daí, foi integrado como assistente naquele Serviço de Cardiologia.[5]


De 1973 a 1975, fez mestrado em cardiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse período ministrou também aulas de fisiologia e semiologia cardiovascular na mesma universidade. Em 1975 apresentou a primeira versão de seu famoso curso O Eletrocardiograma, no Rio de Janeiro, mais tarde ministrado em São Paulo (1983), Quito - Equador (1985) e novamente no Rio de Janeiro (1986), dessa vez como curso nacional, ocorrido no Copacabana Palace.[5]


Apesar de ser referido como "Doutor Enéas", Enéas não defendeu uma tese de doutorado, sendo que era referido popularmente pelo título por ser um médico e uma pessoa culta.[28] Seu título de mestre era o maior grau acadêmico de pós-graduação que obteve.


Em 1976, defendeu sua dissertação de mestrado, "Alentecimento da Condução AV", e recebeu o título de mestre em cardiologia pela UFRJ. Ainda em 1976, escreveu o livro O Eletrocardiograma, referência no gênero.[5] Publicado em 1977 e reeditado em 1987 como O Eletrocardiograma: 10 anos depois, essa obra é conhecida no meio médico como a "bíblia do Enéas".[29]


De acordo com Enéas, ele chegou a trabalhar numa construção civil como apontador de obras, foi tradutor de inglês, trabalhou em açougue e foi auxiliar de escritório.[30]


Carreira política

Candidaturas à presidência

Ver artigo principal: Eleição presidencial no Brasil em 1989

Enéas fundou, em 1989, o PRONA, lançando-se imediatamente candidato à presidência nas primeiras eleições diretas do Brasil, após o período da ditadura militar. O seu tempo na propaganda eleitoral gratuita era de quinze segundos.[31] Todavia, aliada a uma fala rápida e a um discurso inflamado e nacionalista (terminado sempre por seu bordão: "Meu nome é Enéas"), sua propaganda fez com que o então desconhecido político angariasse mais de 360 mil votos,[2] colocando-o em 12º lugar entre 21 candidatos. A propaganda vinha sempre acompanhada pela Sinfonia n.º 5 de Ludwig van Beethoven.[32]


Ver artigo principal: Eleição presidencial no Brasil em 1994

Lançou-se candidato nas eleições de 1994 com o tempo 1 minuto e 17 segundos no horário gratuito. Mesmo sendo o PRONA um partido ainda sem expressão, o resultado surpreendeu os especialistas em política. Enéas foi o terceiro mais votado, com mais de 4,6 milhões de votos (7%),[2][4] posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, ficando atrás apenas de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.[4]


Ver artigo principal: Eleição presidencial no Brasil em 1998

Em 1998, com 35 segundos disponíveis no horário eleitoral[33] — na soma total, um tempo menor do que em 1989 —, Enéas expôs seu discurso defendendo questões polêmicas, como a construção da bomba atômica,[34] a ampliação do efetivo militar[4] e a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro. Nas eleições presidenciais daquele ano, foi o quarto colocado,[4] com um total de 1 447 090 votos.[2][4]


Segundo o candidato, sua entrada na vida política deveu-se às reclamações de sua esposa, que estava saturada de suas queixas à situação do país e aos políticos.[35]


Candidatura à prefeitura de São Paulo

Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, obtendo 3% dos votos,[2] e conseguiu reunir votos para a eleição de sua candidata, a vereadora Havanir Nimtz.


Candidatura a deputado federal e reeleição

Em 2002 candidatou-se a deputado federal por São Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira para aquele cargo: cerca de 1,57 milhão de votos, recorde que permanecia não superado[12][2] até 2018, quando Eduardo Bolsonaro obteve 1,8 milhão de votos.[36][37] Seu partido obteve votos suficientes para, através do sistema proporcional, eleger mais cinco deputados federais, todos homens fundadores do partido,[38] para atuação em Brasília (mesmo com votações inexpressivas, abaixo dos mil votos). Este episódio ficou marcado pela polêmica de que alguns destes candidatos teriam mudado de colégio eleitoral de forma ilegal apenas para serem eleitos pelo princípio da proporcionalidade, confiando nos votos conferidos ao partido através de Enéas.


Enéas também participou ativamente das eleições para prefeitos e vereadores em 2004, ajudando a eleger vereadores em várias capitais, como Rio e São Paulo, e prefeitos em pequenas cidades.


No início de 2006, Enéas passou por sérios problemas de saúde, uma pneumonia e uma leucemia mieloide aguda, fazendo com que ele optasse por retirar sua emblemática barba, antes que a quimioterapia o fizesse. Ainda em função de seus problemas de saúde, em junho de 2006 Enéas anunciou que desistiria de sua candidatura à Presidência da República e que concorreria novamente à Câmara dos Deputados. Na nova campanha, mudou seu bordão para "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas".[39] Foi reeleito com a quarta maior votação no estado de São Paulo, atingindo 386 905 votos, cerca de 1,90% dos votos válidos no estado.[4][40]


Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, seu partido, o PRONA, se funde com o PL, fundando assim um novo partido, o Partido da República.[41]


Posições principais

Espectro político

Enéas Carneiro se opôs à classificação esquerda-direita, dizendo que não via, "no mundo moderno, condição para que se fale em esquerda e direita",[19][21] confirmando este pensamento em uma entrevista à IstoÉ ao ser interrogado se achava a esquerda "burra". Em resposta o político disse que "a discussão, ao meu ver, não é mais entre esquerda e direita. É de um lado, a globalização; de outro, o Estado nacional soberano".[42]


Em um evento realizado na Universidade de São Paulo, Enéas foi indagado por "parecer" ser um conservador, no que respondeu: “eu não pareço, eu sou conservador”. Definiu seu conservadorismo como “o respeito àquilo que é clássico”, e o “clássico não é aquilo que é velho, clássico é aquilo que é eterno”.[7]


Economia e geopolítica

No programa especial do PRONA, o candidato criticou o estado mínimo, alegando que o pensamento de que o estado deve ser o menor possível é "modernismo". Em seguida o candidato ataca a política de privatizações, alegando que elas são "negociatas feitas para transferir o formidável patrimônio público para uma minoria privilegiada de representantes legítimos do sistema financeiro internacional".[30]


Em seu livro Um Grande Projeto Nacional, Enéas critica várias privatizações, como a privatização da Vale e das telecomunicações: "Sua alienação é inconstitucional. Não há valor para elas (as ações da empresa) e, se houvesse, esse valor estaria acima de dois trilhões de dólares, e muito mais quando se levam em conta cenários do comércio mundial diferentes do absurdo de hoje, em que não se dá valor às riquezas naturais".[43]


Também em seu livro, Enéas critica o neoliberalismo, definindo-o como a liberdade absoluta. "A liberdade absoluta leva a um verdadeiro massacre dos mais fracos pelos mais fortes", disse. Mais à frente, no mesmo livro, Enéas alega que o Estado defendido por ele e seus aliados é um Estado forte, técnico e intervencionista.[14]


Para ele, o Estado deve agir, sempre que necessário, como órgão interventor, restabelecendo "a ordem, a justiça, a igualdade de oportunidades e o direito ao trabalho, à moradia, à educação, à saúde, aos transportes e à sadia necessidade de criação de riquezas, intervindo, se necessário, na produção e na Economia como um todo".[44]


Em seu primeiro discurso parlamentar, Enéas levantava um brado contra o sistema financeiro internacional, encontrando na questão bancária a questão central da qual todas as outras decorrem. Ele declarou, categoricamente, que as potências hegemônicas neocolonialistas, carentes de suas necessidades básicas, determinam que sejam privatizadas as estatais brasileiras, subtraindo-as, assim, do controle do Estado, "lídimo representante do povo brasileiro", e continuando a obrigar ao Brasil que venda suas riquezas minerais sob preços aviltados.[45]


Para o candidato, os Estados Unidos da América se encontravam sob a égide do sistema financeiro internacional. Ele declarou que "não há nenhuma razão para se agir como se agiu contra o Afeganistão, atingindo civis inocentes, como se está fazendo agora". Disse, ainda, que o Ministério da Defesa e as autoridades militares deveriam acordar do "sono letárgico" em que estavam fazendo o povo mergulhar, para que soubessem que, em um futuro próximo, poderia ser o Brasil no lugar do Iraque.[46]


Em vistas de entender o processo da invasão armada americana a um país "livre e soberano", "longe [...] de representar uma preocupação com os destinos da humanidade, [...] e muito menos de significar apreço pelas condições de liberdade e de democracia do povo iraquiano", Enéas remonta ao acordo de Bretton Woods de 1944, com a definição do dólar como moeda referência nas transações internacionais, garantida por um certo equivalente em ouro depositado em Fort Knox. Após o rompimento das regras estabelecidas em Bretton Woods por Richard Nixon em 1971, os Estados Unidos passam a ser a "Casa da Moeda do Mundo". Para Enéas, a invasão do Iraque é fruto da adoção do euro como moeda de troca internacional por este país no ano 2000.


Enéas defendia ainda a suspensão unilateral do pagamento da dívida pública pelo Estado brasileiro. Para ele, a fim de combater a França e a Alemanha, dois países passíveis de retaliar o Brasil, deveria se adotar a energia da biomassa, gerando uma independência nacional do petróleo. Anos antes da formação do BRICS, Enéas ainda acertava: "Tanto a China como a Rússia e a Índia, além de vários outros países, poderão ser excelentes parceiros comerciais, no caso de retaliações advindas do império americano."[47]


Aborto, legalização das drogas e homossexualidade

O político também declarava-se contrário ao aborto e à legalização de drogas.[4] Ao referir-se, em entrevista, ao aborto, Enéas disse que ele está dentro do projeto mundial neo-malthusiano, que visa diminuir a população brasileira para que o território não possa ser defendido, em virtude da baixa natalidade. Completou afirmando que o "aplauso ao homossexualismo" faz parte dessas políticas. Apesar de condenar a "ovação em torno do homossexualismo", o político negou atacar a existência de homossexuais.[48] Devido às suas críticas ao que ele considera como uma ovação ao homossexualismo, Enéas foi acusado várias vezes de ser homofóbico, acusação que ele desmentiu em duas das entrevistas em que participou.[49][48]


Em um debate para a prefeitura de São Paulo, transmitido pela Rede Bandeirantes, Enéas foi criticado sobre sua afirmação de que Lula teria assinado uma campanha de combate a guerra às drogas. Em resposta, Enéas afirmou que um documento publicado pelo The New York Times mostra a assinatura de Lula na campanha, cujo organizador principal era George Soros, citado por Enéas como o verdadeiro dono da privatização da Vale. Enéas, em crítica ao documento, definiu-se como sendo radicalmente contra a legalização das drogas, e afirmou que "é absolutamente imperdoável que um homem público ponha sua assinatura nisto".[50]


Forças armadas e ditadura militar

Em entrevista concedida ao jornal Tribuna da Imprensa, Enéas disse que pretendia, no mínimo, triplicar o efetivo das forças armadas, para ter um braço armado do povo.[51] Na mesma entrevista, ao ser perguntado se aumentar o efetivo das forças armadas não subjugaria o povo, disse que "o respeito às forças armadas foi uma tônica não só de nossa população como de todas as outras", e depois afirmou que "no curto período em que os generais governaram o país, com um governo muito ruim, agigantou o fosso que existia entre o Brasil e as potências do atual G7", referindo-se à ditadura militar de 1964.


Enéas defendia a construção da bomba atômica. "Não para jogar em ninguém, mas para sermos respeitados". Enéas afirmou à IstoÉ que isso permitiria ao país "conversar em condições de igualdade" com as potências militares globais.[42]


Greve, parlamentarismo e pena de morte

Ao ser entrevistado no Roda Viva da TV Cultura, afirmou que "a greve é um direito inalienável do trabalhador [...] isto é uma coisa, outra coisa é viver da greve", ao receber uma afirmação que insinuava que o político era contra o ato.[52] Em outra entrevista, Enéas propôs uma greve geral por um dia, apelando a quem tivesse capacidade de organizá-la, como forma de alertar os dirigentes da nação.[53]


No programa Tribuna Independente, ao ser indagado se o comunismo seria a solução, afirmou: "Não, não é. A experiência histórica é o maior de todos os mestres" e que "o comunismo nem chegou a existir, o que existiu foi o socialismo, a fase pré-comunista".


Em uma entrevista dada ao Programa Delas, Enéas Carneiro criticou o parlamentarismo. "Eles são uma fileira enorme de medíocres lutando contra a liderança", afirmou o político, completando com a afirmação "eles são uma fila de mentecaptos, cada um esperando sua vez de chegar ao poder".[54]


O político também se pronunciou a respeito da pena de morte, dizendo:


“ Como médico eu jamais poderia apoiar a pena de morte. Como estadista, visto que isso é de uma seriedade extraordinária, faria uma consulta a população, medida que já é prevista. Como homem, se eu visse uma criança sendo estuprada, tenho certeza que nesse momento seria capaz de matar uma pessoa.[55] ”

Morte

Em 6 de maio de 2007, aos 68 anos, Enéas Carneiro faleceu em sua casa, vitimado pela leucemia mieloide aguda, após ter desistido do tratamento quimioterápico e abandonado o hospital onde era tratado, o Hospital Samaritano, por acreditar que seu tratamento não mais surtiria efeito. Seu corpo foi velado na manhã do dia 7 de maio no Memorial do Carmo (que fica no Cemitério de São Francisco Xavier), e cremado, na tarde do mesmo dia, no crematório da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. O último pedido de Enéas foi que sua família jogasse suas cinzas na Baía de Guanabara.[2][56] Sua suplente na Câmara foi Luciana de Almeida Costa (PR, candidata pelo PRONA), que conseguira apenas 3 980 votos na eleição de 2006.[57]


Enéas foi homenageado em uma passeata contra o aborto, em Brasília, no dia 8 de maio de 2007. Segundo o Partido da República, o político era um dos organizadores do evento.[58]


Atualmente, um projeto de lei visa incluí-lo como herói da pátria e colocar seu nome no "Livro de Aço" do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.[59]


Livros

O Eletrocardiograma (1977)

O Eletrocardiograma - 10 Anos Depois (1987) - Reedição comemorativa

Um Grande Projeto Nacional (1994) - Livro lançado pelo PRONA para a campanha presidencial de 1994

O Brasil em Perigo (1996)

Um Grande Projeto Nacional (1998) - Livro lançado pelo PRONA para a campanha presidencial de 1998

Ver também

Referências

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 «Morre o deputado federal Enéas Carneiro». G1. 6 de maio de 2007. Consultado em 17 de outubro de 2021

 «Biografia do(a) Deputado(a) Federal ENÉAS». Câmara dos Deputados. 1 de fevereiro de 2003. Consultado em 17 de outubro de 2021

 «Saiba mais sobre a vida de Enéas». Câmara dos Deputados. 6 de maio de 2007. Consultado em 17 de outubro de 2021

 Brasil perde Dr. Enéas Carneiro

 João Fellet (7 de agosto de 2017). «O retorno de Enéas, ícone da extrema-direita e 'herói' de Bolsonaro». BBC Brasil. Consultado em 17 de outubro de 2021

 «ENÉAS CARNEIRO E O PRONA: NACIONALISMO E CONSERVADORISMO NO BRASIL PÓS-DITADURA MILITAR». Portal de Publicações Eletrônicas da UERJ. Consultado em 17 de outubro de 2021

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 Natasha Correa Lima (28 de abril de 2017). «Nacionalista, Enéas Carneiro fez história com bordão e apenas 15 segundos na TV». O Globo. Consultado em 17 de outubro de 2021

 Gabriela Guerreiro (26 de outubro de 2006). «Prona e PL se unem e criam o Partido da República». Folha de S.Paulo. Consultado em 17 de outubro de 2021

 Entrevista Dr. Enéas - Programa Questão de Ordem - 1994

 Com 1,35 mi de votos, quase bate recorde para deputado federal[ligação inativa]

 «'Meu nome é Enéas' era bordão do deputado». G1. 6 de maio de 2007. Consultado em 17 de outubro de 2021

 «Um Grande Projeto Nacional (1998) - Enéas Carneiro - Alta Resolução». Scribd. Consultado em 17 de outubro de 2021

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 "Dr. Enéas em Brasília (2003-2006)", discurso parlamentar de 27 de março de 2003 às 16:36, p. 18-19

 Dr.Enéas-Entrevista a Rede Vida-2006

 Arquivo do Pânico - Entrevista de Enéas - Pânico na Jovem Pan - janeiro de 2006. Entrevista (Rádio)

 Dr. Enéas - Debate Prefeitura de São Paulo - 2000

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 Entrevista de Dr. Enéas no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1994

 Entrevista de Dr. Enéas em Alagoas, no dia 29 de maio de 1995

 Dr. Enéas Carneiro - Programa Delas - Completo - 1991

 Entrevista Dr. Enéas Carneiro - Rio Urgente - 05/1990

 Denise Luna (6 de maio de 2007). «Deputado Enéas Carneiro morre aos 68 anos de leucemia». Reuters. Consultado em 6 de maio de 2007. Arquivado do original em 8 de maio de 2007

 Leandro Colon (8 de maio de 2007). «Suplente de Enéas assume como deputada». G1. Consultado em 17 de outubro de 2021

 «Enéas receberá homenagem em ato contra aborto». Folha de S.Paulo. 8 de maio de 2007. Consultado em 17 de novembro de 2021

 «Projeto de Lei n° 7699/2017». Câmara dos Deputados. 23 de maio de 2017. Consultado em 17 de outubro de 2021


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